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Trabalhadores da cannabis estão entre os mais felizes dos Estados Unidos, aponta pesquisa

by Redação

Setor supera indústrias tradicionais em satisfação no trabalho, apesar de desafios regulatórios e financeiros

Um novo levantamento divulgado nos Estados Unidos revela que trabalhadores horistas da indústria da cannabis estão entre os mais satisfeitos com seus empregos. De acordo com o Shift Pulse Report 2025, elaborado pela plataforma de gestão de força de trabalho Deputy, mais de 91% dos funcionários da cannabis e do setor de tabaco e cigarros eletrônicos relataram ter uma percepção positiva sobre seu ambiente de trabalho — superando áreas como gastronomia, odontologia, academias e até cuidados infantis.

A pesquisa analisou mais de 1,5 milhão de respostas coletadas entre abril de 2024 e abril de 2025, em 10 setores econômicos comuns nos EUA. Apesar de o índice geral de felicidade no trabalho ter caído em relação ao ano anterior — de 80% para 78,5% —, a cannabis legal segue na contramão dessa tendência.

Segundo os autores do relatório, a alta taxa de contentamento entre os trabalhadores da cannabis pode ser explicada por uma combinação de fatores: ambiente colaborativo, senso de propósito, melhores salários e autonomia no dia a dia.

“Os setores mais felizes mostram que ter controle sobre a própria rotina, previsibilidade e um propósito claro são tão importantes quanto salário ou prestígio”, diz o relatório.

Isso se reflete também na forma como empresas do setor têm se organizado. Como ainda é uma indústria nova e regulada, com foco em retenção de talentos e escalabilidade, muitas companhias priorizam ambientes mais justos, inclusivos e horizontais.

Mesmo enfrentando grandes desafios, como a proibição federal nos EUA, dificuldade de acesso a serviços bancários e risco elevado de assaltos — já que muitas empresas operam com dinheiro em espécie —, o setor da cannabis continua a demonstrar resiliência e coesão interna.

Outro ponto que chama atenção é a crescente demanda por acordos trabalhistas justos, como os chamados labor peace agreements (acordos de paz trabalhista), que têm sido exigidos por leis de legalização em vários estados americanos. No entanto, uma recente decisão judicial em Oregon derrubou a obrigatoriedade desses acordos, reacendendo o debate sobre os direitos sindicais dos trabalhadores canábicos.

Setores mais e menos felizes

Além da cannabis, as outras áreas mais bem avaliadas foram: serviços de buffet (91%), cafeterias (90%), odontologia (90%), academias (89%), restaurantes (86%), limpeza (84%) e cuidados infantis (83%).

Na outra ponta, os setores com os trabalhadores mais insatisfeitos foram: indústria farmacêutica (14%), entregas e correios (14%), saúde animal (12%), consultórios médicos (12%), clínicas ambulatoriais (10%) e serviços de hospitalidade diversos (8%).

Para o Brasil, que ainda discute uma regulamentação mais ampla da cannabis medicinal e industrial, os dados reforçam a urgência de se pensar não apenas no acesso ao tratamento, mas também na criação de uma indústria sustentável, justa e acolhedora para trabalhadores e trabalhadoras.

O recado da pesquisa é claro: propósito, bem-estar e cultura organizacional são os pilares das novas economias — e a cannabis está mostrando o caminho.

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