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Estudo suíço mostra que altas doses de LSD, com terapia assistida, reduzem significativamente a depressão

by Redação

Pesquisa da Universidade de Basel reforça o potencial terapêutico dos psicodélicos no tratamento de transtornos mentais graves e impulsiona discussão sobre regulação e acesso

Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Basel, na Suíça, reforça o potencial do LSD (ácido lisérgico dietilamida) como ferramenta terapêutica no combate à depressão. A pesquisa, publicada na revista científica Med, revelou que altas doses da substância, aliadas à terapia assistida, levaram a reduções mais significativas nos sintomas depressivos do que doses baixas, com efeitos mantidos por até 12 semanas após o tratamento.

A investigação envolveu 61 pacientes diagnosticados com transtorno depressivo maior de moderado a grave, e comparou os efeitos terapêuticos de dois grupos: um recebeu doses de 100 μg e 200 μg de LSD, e o outro, duas doses de 25 μg, consideradas subperceptivas. O estudo foi conduzido de forma randomizada, duplo-cega e com acompanhamento em múltiplos pontos: duas, seis e doze semanas após as sessões.

De acordo com os autores, os resultados são promissores e justificam o avanço para uma fase 3 de ensaios clínicos, que poderá pavimentar o caminho para a aprovação regulatória do LSD como tratamento para a depressão.

“O LSD pôde ser utilizado com segurança dentro do protocolo clínico adotado neste estudo”, afirmaram os pesquisadores. Eles destacaram ainda que, embora o LSD tenha um efeito mais duradouro do que a psilocibina — outro psicodélico com uso terapêutico em testes —, isso demanda mais recursos clínicos e tempo, o que pode ser um desafio logístico.

Outro ponto forte do estudo foi a inclusão de pacientes com histórico clínico representativo, incluindo comorbidades comuns e experiências anteriores com diferentes tratamentos, o que reforça a relevância dos resultados no contexto da saúde mental real.

O novo estudo suíço se soma a uma crescente onda de pesquisas ao redor do mundo que investigam o potencial terapêutico dos psicodélicos clássicos. Em 2024, a FDA (agência reguladora dos EUA) concedeu ao LSD o status de “terapia inovadora” (breakthrough therapy) para o tratamento do transtorno de ansiedade generalizada (TAG), acelerando seu desenvolvimento clínico.

Essa designação é concedida a terapias emergentes com alto potencial de eficácia em áreas com necessidades médicas não atendidas, como é o caso dos transtornos mentais resistentes às abordagens tradicionais. MDMA e psilocibina também já receberam esse selo anteriormente.

Perspectivas para o Brasil e a medicina psicodélica

Embora o uso de substâncias psicodélicas como o LSD ainda seja altamente regulado no Brasil, o avanço das pesquisas internacionais e o reconhecimento do potencial terapêutico por órgãos reguladores como a FDA pressionam pela revisão das políticas proibicionistas e pelo incentivo à ciência psicodélica nacional.

Além do uso humano, um estudo curioso também apontou que o LSD pode ter potencial terapêutico até para animais. Pesquisadores observaram que a administração controlada da substância a um cão com ansiedade de separação não causou efeitos adversos e reduziu significativamente os sintomas do animal.

Outro estudo, publicado em 2024, mostrou que a combinação de LSD com pequenas doses de MDMA pode reduzir desconfortos durante as sessões e intensificar os aspectos positivos da experiência psicodélica — abrindo novas portas para protocolos personalizados de tratamento.

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