País já utiliza a planta em setores como construção e automotivo e agora mira no mercado farmacêutico e de suplementos, com controle rígido e foco em inovação
A Turquia deu um novo passo rumo à consolidação da cannabis como ativo estratégico para saúde, indústria e economia. Após uma forte retomada da produção nos últimos cinco anos, o país planeja regulamentar o uso medicinal e farmacêutico da cannabis, integrando um pacote legislativo já submetido ao parlamento turco.
A nova proposta inclui a ampliação da área de cultivo controlado para atender à demanda crescente por matéria-prima destinada a medicamentos, produtos de saúde, suplementos alimentares e itens de cuidados pessoais. De acordo com as autoridades, a comercialização será restrita a farmácias licenciadas, garantindo rastreabilidade, controle de qualidade e segurança ao consumidor.
A produção de cannabis havia praticamente desaparecido na Turquia até 2018, após um declínio acentuado desde os anos 2000. O cenário começou a mudar em 2019, após uma declaração pública do presidente Recep Tayyip Erdoğan, incentivando agricultores a retomarem o cultivo.
Desde então, os números impressionam: de apenas 280 toneladas produzidas em 2020, o país ultrapassou a marca de 1.700 toneladas em 2024, concentradas em 19 das 81 províncias com licenciamento autorizado. A expectativa do governo é de expandir a produção para novas regiões nos próximos anos.
A planta já é aproveitada em diversas cadeias produtivas turcas — incluindo construção civil, indústria automobilística, papel e biocombustíveis — com destaque para a aplicação de fibras naturais. Agora, a prioridade é agregar valor ao produto final e inserir a Turquia de vez no mercado global de cannabis medicinal.
“Precisamos construir uma estratégia que vá do cultivo aos produtos finais de alto valor. É assim que produtores e o país se beneficiam”, afirmou o professor Selim Aytaç, uma das maiores autoridades em cannabis no país.
Segundo Aytaç, as terras agrícolas da Turquia são altamente favoráveis ao cultivo da planta, e o país precisa acompanhar os avanços internacionais nesse setor em expansão.