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Haribo recolhe doces na Holanda após detecção de vestígios de cannabis em pacotes contaminados

by Redação

Casos de mal-estar em adultos e crianças acendem alerta sobre falhas de segurança alimentar, e não sobre a planta em si. Autoridades investigam origem da contaminação.

A multinacional alemã Haribo, conhecida por seus doces em formato de ursinhos e garrafinhas, recolheu pacotes de balas na Holanda após a detecção de vestígios de cannabis em ao menos três unidades do produto. O alerta foi emitido após uma família na região de Twente, no leste do país, relatar mal-estar após o consumo.

A informação foi confirmada pela NVWA, a agência de segurança alimentar e de produtos de consumo dos Países Baixos. Em comunicado, o órgão pediu que os consumidores evitem o consumo das balas e alertou que a substância pode provocar efeitos como tontura.

Segundo a NVWA, as balas contaminadas eram em formato de garrafinhas de refrigerante, e foram apreendidas após análise forense confirmar a presença de compostos da cannabis. A polícia notificou a agência após relatos de adoecimento de adultos e crianças. Ainda não está claro como ocorreu a contaminação, e a Haribo afirma estar colaborando com a investigação.

Embora apenas três pacotes tenham apresentado traços da substância, a empresa optou por recolher todo o lote por precaução. Um porta-voz da Haribo afirmou à BBC News que a fabricante trata o caso como “um problema urgente” e está trabalhando “em estreita colaboração com as autoridades holandesas para apurar os fatos”.

O episódio chama atenção para uma falha pontual na cadeia de produção ou distribuição, mas reacende também debates sobre desinformação e estigmatização da cannabis — mesmo em países onde seu uso é parcialmente regulamentado.

A Holanda, conhecida por sua política tolerante em relação à cannabis, não permite a comercialização irrestrita de alimentos com derivados da planta. Produtos com canabinoides só podem ser vendidos em lojas especializadas, com rotulagem e controle rígidos, geralmente para uso adulto e não recreativo.

Neste caso, não se tratava de um produto com cannabis intencionalmente adicionada, como acontece com comestíveis vendidos em mercados regulados. A presença dos compostos foi acidental ou indevida, e está sendo tratada como contaminação não autorizada — um problema que diz mais sobre controle de qualidade alimentar do que sobre os efeitos da planta em si.

Até o momento, as autoridades não divulgaram se a substância presente nos doces era THC, CBD ou outro canabinoide, nem sua concentração. Também não está claro se houve fraude, sabotagem ou erro logístico.

No Brasil, onde a cannabis medicinal já é autorizada pela Anvisa, é fundamental diferenciar entre uso intencional e supervisionado da planta, como em produtos à base de CBD e THC para epilepsia, dor crônica e outras condições clínicas, e casos isolados de contaminação não autorizada, como este na Holanda.

A desinformação, nesse contexto, prejudica o debate sobre políticas públicas de saúde, regulação responsável e educação sobre o uso da planta. O foco deve ser na transparência da indústria alimentícia e em protocolos eficazes de rastreamento, e não em reforçar mitos sobre a cannabis.

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