O mercado de cannabis medicinal no Brasil está em plena expansão e deve movimentar mais de R$ 1 bilhão ainda em 2025. A estimativa aparece no anuário da Kaya Mind, que aponta que mais de 672 mil pessoas já utilizam derivados da planta para fins terapêuticos. Para Ana Júlia Kiss, CEO da startup Humora, o cenário atual representa uma verdadeira transformação. “Estamos vivendo uma virada de chave. A cannabis medicinal tem se mostrado não só alternativa terapêutica, mas uma das maiores oportunidades da década”, afirma.
Fundadora da Humora, empresa que une ativos fitoterápicos à cannabis para promover saúde e bem-estar, Ana Júlia acompanha de perto essa revolução verde. Em 2024, a startup registrou um crescimento expressivo de 650% na receita, impulsionado pelo lançamento da Humora Boreal — primeiro produto da marca com THC na formulação, em formato de goma. Voltado para o alívio de sintomas como ansiedade, dor e falta de foco, o produto fortaleceu o portfólio da empresa e ampliou sua penetração no mercado.
Com uma estratégia que combina inovação, internacionalização e educação, a Humora projeta ultrapassar R$ 3 milhões em faturamento neste ano. A previsão é sustentada pela recente aquisição do Nu Bloom Botanicals, laboratório da Califórnia especializado em formulações fitoterápicas. “Agora conseguimos atender tanto o mercado brasileiro quanto o americano, com uma estrutura sólida e equipe especializada nos dois territórios. Isso abre portas para expandir a atuação B2C, mas também para oferecer nossa tecnologia a outras marcas via private label”, explica a executiva.
A consolidação do setor também é reflexo de avanços regulatórios no Brasil. O número de produtos à base de cannabis disponíveis em farmácias já ultrapassa vinte marcas, e iniciativas como a inclusão desses medicamentos no SUS e a desburocratização da importação contribuem para desmistificar o tema e ampliar o acesso da população.
Para a CEO da Humora, esse crescimento é alimentado por um consumidor mais informado, que busca soluções naturais e integrativas com respaldo médico. “Esse crescimento reflete a busca crescente por tratamentos alternativos, tanto para o bem-estar quanto para doenças crônicas. Os consumidores valorizam soluções que podem ser facilmente integradas à rotina e que sejam o mais natural possível, sempre com prescrição e acompanhamento dos médicos”, destaca Ana Júlia.
Enquanto o debate sobre a cannabis medicinal ganha maturidade e visibilidade no Brasil, startups como a Humora mostram que é possível aliar impacto social, ciência e inovação em um mercado ainda em construção — mas com enorme potencial de transformar vidas e economias.