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Pesquisador explora potencial da cannabis no tratamento da anemia falciforme

by Redação

O pesquisador Alex Mabou Tagne, da Universidade da Califórnia, está à frente de um estudo pré-clínico que investiga o uso do Delta 9 Tetrahidrocanabinol (THC) no tratamento da anemia falciforme, com resultados promissores. O trabalho, desenvolvido em colaboração com o renomado professor Daniele Piomelli, foi apresentado no 34º Simpósio da International Cannabinoid Research Society (ICRS), em Salamanca, Espanha, neste ano. As informações são do CannaReporter, em entrevista feita pela jornalista Laura Ramos.

Natural dos Camarões, Mabou Tagne, que é farmacêutico e possui doutorado em Medicina Clínica e Experimental, realiza pesquisas sobre os efeitos de compostos naturais em distúrbios inflamatórios e metabólicos. Seu trabalho já foi publicado em importantes revistas científicas e lhe rendeu o Rosalind Franklin Award in Science em 2021.

A anemia falciforme, que afeta cerca de 20% da população dos Camarões, ou aproximadamente 400.000 pessoas, é uma doença genética que causa dor crônica e episódios de dor aguda, impactando significativamente a qualidade de vida dos pacientes. O tratamento tradicional para essa condição envolve o uso de analgésicos opioides, que são limitados em eficácia e têm efeitos colaterais graves. A cannabis, especialmente seus compostos como o THC e o CBD, surgiu como uma alternativa potencial, mas sua eficácia ainda precisa ser confirmada.

Em entrevista, Mabou Tagne explicou que sua pesquisa se originou de sua experiência pessoal com a anemia falciforme em seu país natal e do desejo de encontrar novas soluções para aliviar a dor dos pacientes. Ele relatou que, embora um estudo anterior não tenha mostrado resultados positivos com o uso de cannabis em pacientes humanos, seu estudo pré-clínico com ratos indicou que o THC isolado teve efeitos analgésicos significativos. A próxima fase da pesquisa busca investigar a combinação de THC e CBD para melhorar os resultados.

Além disso, o pesquisador destacou o alto custo de tratamentos mais tradicionais, como as terapias de edição genética recentemente aprovadas pela FDA, que podem curar a anemia falciforme, mas têm um custo superior a três milhões de dólares por paciente, tornando-se inacessíveis para grande parte da população, especialmente em países de baixo orçamento como os Camarões.

“Por isso, as pessoas com anemia falciforme recorrem a terapias alternativas, como a cannabis”, disse Mabou Tagne à Laura Ramos para a CannaReporter, enfatizando a importância de encontrar uma opção mais acessível e eficaz.

Com o avanço da pesquisa e a promessa de ensaios clínicos futuros, o objetivo do pesquisador é determinar a melhor combinação de THC e CBD para os pacientes, na esperança de oferecer uma nova alternativa terapêutica que possa beneficiar muitas pessoas, especialmente em países em desenvolvimento.

A cannabis, embora ainda ilegal em muitos países africanos, incluindo os Camarões, tem se mostrado uma opção medicinal importante. Mabou Tagne espera que, um dia, a substância seja legalizada, permitindo que aqueles que mais precisam possam acessar seus benefícios terapêuticos. Ele também revelou planos de compartilhar os resultados de seu estudo com o governo dos Camarões, na esperança de informar sobre as propriedades terapêuticas da cannabis.

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