A Colômbia aprovou a descriminalização do consumo de cannabis para adultos. O projeto de lei foi proposto por Juan Carlos Losada, do partido Liberal, mas recebeu apoio do partido no poder. Desde a campanha, a coalizão do presidente Gustavo Petro, Pacto Histórico, propôs uma nova abordagem para a política antidrogas. Com 105 votos a favor e 33 contra, a iniciativa busca eliminar da Constituição a proibição do consumo da planta e seus derivados por adultos e ainda prevê a regularização para o destino científico da cannabis.
“Está demonstrado pelas evidências em outros países que a regulamentação sempre será mais favorável para poder enfrentar esse problema de saúde pública. O facto de ser para uso adulto mostra que não é uma generalização do consumo porque obviamente os menores enfrentam outros riscos e complexidades”, disse Jaime Urrego, vice-ministro da Saúde Pública e Prestação de Serviços.
Durante sua estreia na Assembleia Geral da ONU em setembro deste ano, Petro reiterou que a chamada “guerra às drogas” fracassou e serviu apenas para matar e prender jovens pobres, lideranças sociais e camponeses.“A guerra às drogas durou 40 anos e, se não corrigirmos seu curso, os Estados Unidos continuarão vendo seus jovens morrer de overdose por mais 40 anos. A guerra às drogas falhou, a luta contra a crise climática falhou, o consumo mortal aumentou, de drogas leves a drogas mais pesadas, no meu continente ocorreu um genocídio e no meu país milhões de pessoas foram condenadas à prisão”, disse Petro.
Apesar de manter um plano de cooperação com os Estados Unidos há mais de 20 anos, que prevê a instalação de todas as agências norte-americanas de combate ao narcotráfico em território colombiano, bem como a manutenção de sete bases militares e a presença de milhares de soldados estrangeiros, a Colômbia continua sendo o maior produtor de cocaína do mundo e aumentou a produção em 8% em 2021, atingindo 143.000 hectares cultivados.
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A guerra às drogas em números
Em 2020, o então presidente Iván Duque renovou o Plano Colômbia – uma parceria com os Estados Unidos para aumentar a presença militar norte-americana com mais 800 soldados em território colombiano e um orçamento de US$ 11 bilhões (R$ 57,4 bilhões). para a “guerra às drogas”. Cerca de US$ 4,2 bilhões (R$ 21,9 bilhões) foram usados para a erradicação forçada e fumigação de veneno em plantações de coca. Nesse mesmo ano, houve um aumento recorde de 11% na produção mundial de coca, o equivalente a 1.982 toneladas, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
O relatório também aponta que a estratégia de combate ao narcotráfico, adotada nas últimas administrações colombianas, fracassou. Hoje, com menos coca, produz-se mais cocaína do que antes: para cada tonelada de folha de coca, hoje são extraídos 2,14 quilos de pasta base de cocaína, enquanto em 2016 foram extraídos 1,87 quilos. O Relatório Mundial sobre Drogas 2022, realizado pelo escritório da ONU, também aponta que em países onde a posse e o consumo de cannabis foram legalizados, houve aumento da arrecadação tributária estadual e redução do encarceramento por posse da substância.
Fonte: Perild
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