O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, fez um apelo ao Congresso do país para legalizar a maconha, argumentando que a proibição da substância apenas alimenta a violência associada aos cartéis no mercado ilícito. Além disso, o presidente também defendeu que outros países legalizem as folhas de coca para “fins além da cocaína”.
Em uma publicação nas redes sociais no último domingo (2), Petro afirmou que a “multinacionalização das máfias da cocaína” tem gerado mais cartéis do que durante os tempos de Pablo Escobar, o infame traficante colombiano. Para o presidente, o fortalecimento das organizações criminosas demonstra o fracasso da proibição e a falta de alternativas eficazes para substituir essa política.
“A minha administração continuará a cooperar totalmente com todos os governos na questão de confiscar a cocaína”, disse Petro, que reafirmou que suas ações estão focadas em grandes carregamentos e nas cabeças das máfias internacionais de cocaína e lavagem de dinheiro.
Petro também destacou a urgência de legalizar a maconha para tirar a violência do cultivo e citou que “a proibição da maconha na Colômbia só traz violência”.
Além disso, ele fez um novo apelo à comunidade internacional para que os governos do mundo acabem com a proibição do uso de folhas de coca para fins além da produção de cocaína, sugerindo que, se usadas em fertilizantes, alimentos e outros produtos, a substituição de cultivos ilícitos seria mais eficaz.
O posicionamento de Petro sobre a política de drogas é amplamente conhecido, uma vez que ele sempre defendeu que a regulamentação das substâncias ilícitas seria uma alternativa mais eficaz e até economicamente vantajosa em comparação com a proibição. Em janeiro deste ano, o presidente também comparou o uso da cocaína ao consumo de bebidas alcoólicas, dizendo que “não é pior que o whisky”, e argumentou que a legalização poderia facilitar o desmantelamento dos cartéis, permitindo que a droga fosse vendida de forma controlada, como o vinho.
Petro já havia tentado, sem sucesso, impulsionar a legalização da maconha em 2023, quando a proposta de legalização foi arquivada por alguns legisladores. Na ocasião, o presidente afirmou que a manutenção da proibição apenas perpetuava o tráfico de drogas e a violência relacionada.
Em 2022, o ministro da Justiça, Néstor Osuna, disse durante uma audiência pública que a Colômbia tem sido vítima de uma “guerra fracassada”, uma política que foi concebida há 50 anos e que, por causa do “proibicionismo absurdo”, trouxe sangue, conflitos armados, máfias e crimes ao país.
Em sua visita aos Estados Unidos em 2023, Petro comentou sobre a “hipocrisia enorme” de ver a venda legal de maconha em Nova York, enquanto o país que iniciou a guerra global contra as drogas continua com políticas proibicionistas. Petro também teve papel de destaque na Conferência Latino-Americana e Caribenha sobre Drogas, em 2023, onde afirmou que a Colômbia e o México são as maiores vítimas dessa política, comparando a guerra às drogas a um “genocídio”.
Em um discurso na Assembleia Geral da ONU, em 2022, o presidente colombiano defendeu uma mudança fundamental nas abordagens de política de drogas, pedindo o fim da proibição. Petro também sugeriu que a legalização da maconha na Colômbia ajudaria a enfraquecer o mercado ilícito, além de ser acompanhada pela liberação de pessoas atualmente presas por crimes relacionados à cannabis.