Rodolfo Rosato*
Sobre o recente estudo publicado que está repercutindo nas redes. Acho essencial o esforço e estudo para melhorar a qualidade e transparência dos produtos. Porém, o estudo sugere que a ausência de uma bula em produtos da RDC 660 compromete a segurança do consumidor, mas esse argumento ignora um fato essencial: os rótulos dos produtos já trazem todas as informações relevantes para o uso seguro. Vamos aos fatos:
1. A não necessidade de bula: as informações já estão nos rótulos
- Rotulagem internacionalmente padronizada – Os produtos importados seguem padrões rígidos internacionais, seja de Israel, USA ou da União Europeia, regiões conhecidas pelos rígidos padrões de segurança de produtos, garantindo que as informações essenciais estejam visíveis e acessíveis no rótulo e/ou na caixinha do produto.
- Uso simplificado – A bula pode ser redundante, pois a maior parte das informações essenciais, como concentração de canabinoides, forma de administração, lote e validade, já estão presentes no rótulo e/ou na caixinha do produto.
- Produtos similares não exigem bulas – Outros suplementos e produtos fitoterápicos amplamente aceitos no mercado internacional não exigem bulas, desde que o rótulo forneça as informações e instruções adequadas.
2. Os produtos da RDC 660 apresentam testes laboratoriais bem mais completos do que os da RDC 327.
O estudo falha ao não destacar que os produtos importados da 660 passam por testes de laboratório em cada lote de produção, enquanto os da 327 não possuem essa obrigatoriedade. Isso coloca os produtos da 660 em uma posição bem mais favorável em relação à segurança e qualidade. De nada adianta apresentar um estudo em um primeiro lote e nenhum nos lotes seguintes.
- Certificados de Análise (CoA) em todos os lotes – Os produtos da 660 possuem testes completos de laboratórios terceirizados, incluindo análise de canabinoides, terpenos, metais pesados, pesticidas e microrganismos.
- Transparência e acesso público – A esmagadora maioria dos produtos importados fornecem fácil acesso online aos seus COA´s, permitindo que médicos e consumidores verifiquem a composição exata antes da compra.
- Falta de exigência para os produtos 327 – O estudo admite que os produtos 327 não precisam apresentar testes laboratoriais detalhados, o que significa que seu controle de qualidade é menos rigoroso do que os produtos 660, trazendo riscos de contaminantes ao consumidor.
Se a segurança do consumidor é o critério principal, os produtos da RDC 660 deveriam ser priorizados no quesito, pois garantem testes completos a cada lote de produção.
3. A exigência de bula pode criar uma falsa sensação de segurança
O estudo sugere que a presença de bula melhora a segurança dos produtos da 327, mas isso não necessariamente garante qualidade superior.
- Bulas podem conter informações genéricas – Algumas bulas seguem um modelo padronizado e podem não fornecer detalhes relevantes, como a variação de canabinoides em cada lote ou a presença de contaminantes, como metais pesados e agrotóxicos.
- A real segurança está nos testes laboratoriais, não na bula – Um produto pode ter uma bula bem elaborada e ainda assim não ser testado adequadamente.
- O consumidor moderno busca informações online – Muitas pessoas consultam diretamente os sites dos fabricantes, onde as informações são mais atualizadas do que em bulas impressas.
A exigência de bula pode dar a falsa impressão de segurança, enquanto os testes laboratoriais obrigatórios dos produtos 660 oferecem uma garantia real de qualidade.
O estudo levanta preocupações válidas, mas ignora alguns pontos fundamentais:
- Os produtos da 660 já contêm todas as informações essenciais nos rótulos, tornando a bula desnecessária.
- Os produtos da 660 oferecem maior segurança ao consumidor por meio de testes laboratoriais rigorosos em cada lote, ao contrário dos produtos da 327.
- A segurança não está na presença de uma bula, mas na garantia de que o produto contém o que promete. Algo que os produtos da 660 fazem bem melhor.
Se o objetivo é garantir um padrão elevado para produtos à base de cannabis, a prioridade deveria ser a exigência de testes laboratoriais em cada lote de produção para todos os produtos, independentemente da regulamentação (327 ou 660), e não a simples presença de uma bula.
Além disso, sabemos que não existe uma dose padrão de produtos de cannabis, médicos experientes sabem que a dose varia muito a cada pessoa. Alias, a simples ideia da cannabis ser vendida em farmácias é um dos maiores absurdos da nossa realidade, em todo resto do mundo civilizado a venda é livre, mas aqui, seguimos tratando a planta como se fosse plutônio. Não entendo como tantas pessoas, que se dizem ativistas, terem embarcado nesse descabido lobby das big-pharma.
O Brasil, ao contrário dos países lideres em ciência, segue refém do lobby da indústria farmacêutica, enquanto o resto do mundo se beneficia de uma terapia natural e de baixíssimo risco.
Fazer exigências inadequadas ou desnecessárias só encarem o produto, favorecem ao lobby das farmacêuticas, fomentam o preconceito e dificultam a vida daqueles que poderiam estar se beneficiando cada vez mais dessa maravilhosa planta que universo nos deu.