Nova York registrou um avanço expressivo no mercado de cannabis legal em 2024, triplicando o número de pontos de venda licenciados e atingindo quase US$ 1,5 bilhão em vendas até abril de 2025.
Segundo o novo relatório de mercado divulgado pelo Office of Cannabis Management (OCM) — órgão regulador da cannabis no estado de Nova York — o número de dispensários licenciados saltou de forma significativa ao longo de 2024, passando de 85 para 260 unidades operacionais, representando mais de 500 marcas disponíveis ao consumidor.
Com esse crescimento, o mercado nova-iorquino acumulou US$ 869 milhões em vendas legais de cannabis apenas em 2024. Somando os dados mais recentes de 2025, o volume total desde a legalização se aproxima de US$ 1,5 bilhão.
“Este relatório de mercado reflete o dinamismo da indústria de cannabis em Nova York — um setor que está evoluindo rapidamente à medida que o mercado amadurece e enfrenta tanto oportunidades quanto desafios”, declarou Felicia A.B. Reid, diretora executiva interina do OCM.
A legalização da cannabis em Nova York tem como um dos principais pilares a equidade social. O relatório revela que 55% das licenças emitidas até o fim de 2024 foram para candidatos do programa de Equidade Social e Econômica (SEE), incluindo 81% das licenças de varejo e 58% das microempresas.
“O OCM está profundamente comprometido em garantir que a indústria represente os nova-iorquinos e crie oportunidades significativas para as comunidades historicamente impactadas pela proibição da cannabis”, reforçou Reid.
Além disso, operadores vinculados ao programa CAURD (Licenciamento Condicional para Varejo de Uso Adulto) — criado para beneficiar indivíduos impactados pela guerra às drogas — representavam 70% dos varejistas ativos até o fim de 2024.
Apesar da flor da cannabis (incluindo os “prerolls”) ainda liderar o mercado, ela representou menos da metade das vendas (45%), indicando uma demanda crescente por produtos de valor agregado, como vaporizadores, comestíveis e concentrados.
A maioria dos consumidores que compraram flor optaram por embalagens de 3,5 gramas (63%). Já entre os “prerolls”, 80% tinham 1g e pacotes com cinco unidades ou mais foram os mais vendidos (60%).
Entre os comestíveis, os sabores preferidos foram: framboesa (7%), limonada de melancia (5%), mirtilo (5%), pêssego (4%) e melancia (4%). Já nas bebidas com cannabis, as latas lideram com 78% da preferência, seguidas por gotas concentradas, pós, sachês de chá e “shots”.
O relatório ressalta que o maior desafio do mercado legal ainda é a migração de consumidores que compram na ilegalidade para o mercado regulamentado.
“A maior parte da demanda legal virá de consumidores que estão migrando do mercado ilícito para o regulamentado, não de novos usuários”, afirma o documento.
Para isso, o estado investe em campanhas educativas — como a “Higher Education”, lançada próximo ao 4/20 — que orientam o público sobre o uso responsável da cannabis e como identificar varejistas licenciados.
Outro ponto essencial é o combate ao mercado ilegal. A operação “Padlock”, por exemplo, fechou dezenas de lojas clandestinas em Nova York em 2024. Como resultado, os dispensários licenciados registraram um aumento de 105% nas vendas.
Apesar dos avanços estaduais, o relatório destaca que as mudanças na política federal dos EUA ainda devem demorar. A DEA (Agência de Repressão às Drogas) havia sinalizado que poderia rever o status da cannabis em 2025, mas os trâmites foram postergados devido a impasses administrativos e judiciais.
“O OCM está trabalhando para compreender totalmente os impactos das reformas federais e preparar o mercado para eventuais mudanças”, aponta o relatório.
Entre as medidas adotadas para fortalecer o setor, o estado lançou programas de capacitação, apoio financeiro (com subsídios de até US$ 30 mil) e conexão de empresas licenciadas com instituições bancárias, facilitando o acesso a serviços financeiros mesmo sob a proibição federal.
Ao mesmo tempo, diversas entidades e lideranças políticas vêm pressionando o governo a perdoar dívidas de empreendedores do programa CAURD e ampliar os incentivos aos pequenos negócios, que ainda enfrentam dificuldades para competir com grandes corporações.
Em um movimento ousado, autoridades do setor estudam autorizar o consumo de cannabis em locais como cinemas e eventos culturais, o que colocaria Nova York na vanguarda da regulamentação de espaços de consumo legal nos EUA.
O avanço do mercado legal de cannabis em Nova York mostra que uma política pública bem estruturada pode gerar receita, inclusão e reparação histórica. Ao mesmo tempo, o relatório destaca a importância de educar o consumidor, combater o mercado clandestino e garantir o acesso de pequenos empreendedores ao setor.
Com quase US$ 1,5 bilhão em vendas legais e mais de 360 dispensários licenciados, Nova York dá sinais de que está se consolidando como um dos mercados de cannabis mais promissores do mundo.