O bilionário Elon Musk, presidente do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) da administração Trump, declarou que tornar os testes antidrogas obrigatórios para funcionários federais seria uma “ótima ideia”, enquanto propõe cortes significativos nos gastos públicos.
A declaração veio em resposta a um post na rede social X, onde Joshua Steinman, ex-funcionário do Conselho de Segurança Nacional (NSC) durante o primeiro mandato de Trump, questionou se o DOGE havia considerado um teste antidrogas “obrigatório e imediato” para toda a força de trabalho federal.
“Ótima ideia”, respondeu Musk.
Testes antidrogas e cortes no funcionalismo
Atualmente, alguns funcionários e contratados federais já são obrigados a passar por testes antidrogas antes da contratação, e aqueles em funções de segurança nacional ou que exigem alto nível de responsabilidade podem ser submetidos a testes aleatórios. No entanto, a proposta sugerida por Steinman e endossada por Musk poderia expandir significativamente essa exigência.
A iniciativa também levanta questionamentos sobre possíveis demissões, já que Musk tem buscado reduzir a máquina pública. Identificar trabalhadores que possam ser dispensados por justa causa devido ao uso de substâncias ilícitas pode ser uma estratégia alinhada a essa meta.
Contradições no posicionamento de Musk
Curiosamente, Musk já esteve envolvido em polêmicas relacionadas ao consumo de drogas. Em 2018, ele foi criticado após fumar maconha durante uma entrevista ao podcast de Joe Rogan, enquanto ainda liderava a SpaceX, empresa com contratos federais. Na época, ele afirmou que “nunca chegou a inalar.”
Além disso, o empresário já admitiu publicamente o uso de cetamina para tratar depressão e defendeu maior abertura para pesquisas sobre psicodélicos. Em 2021, ele argumentou que a nova geração de políticos provavelmente será mais receptiva aos benefícios dessas substâncias.
Por outro lado, Musk minimizou os efeitos do CBD, afirmando que a substância derivada da cannabis “não faz nada.”
Mudanças na política de drogas do governo dos EUA?
A posição de Musk contrasta com a de alguns membros do governo. A senadora Elizabeth Warren (D-MA), por exemplo, sugeriu que a administração Trump poderia reduzir gastos cortando ações federais desnecessárias contra usuários e empresas de cannabis.
Enquanto isso, a escolha de Trump para diretor de inteligência nacional, a ex-deputada Tulsi Gabbard (D/R-HI), afirmou recentemente que o uso passado de maconha não deveria desqualificar uma pessoa de obter autorização de segurança, mas que o consumo contínuo seria uma questão mais complexa.
Além disso, com a possível reclassificação da maconha para a categoria de substância controlada de Nível III, atualmente em análise pela Administração para Controle de Drogas (DEA), advogados sugerem que as restrições ao uso da substância por funcionários federais poderiam ser flexibilizadas. Isso porque a proibição vigente se baseia em uma ordem executiva de 1986 do então presidente Ronald Reagan, que se aplica especificamente a substâncias consideradas ilegais.
A questão dos testes antidrogas obrigatórios para funcionários federais, portanto, pode se tornar um dos próximos grandes debates da administração Trump e da política de drogas nos Estados Unidos.