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Coleção 2025 da Marcha da Maconha de Curitiba une ativismo, moda e autonomia

by Redação

Em um momento em que o debate sobre consumo consciente e moda com propósito ganha força, a moda de resistência tem se consolidado como uma estratégia crescente entre movimentos sociais em todo o país. O consumo com propósito deixou de ser uma tendência de nicho e já influencia de forma expressiva o comportamento dos brasileiros.

Segundo pesquisa da PwC/Instituto Locomotiva (2024), 70% dos consumidores das classes C, D e E (cerca de 75% da população brasileira) estão dispostos a pagar mais por marcas que se engajam em causas ambientais, e 69% preferem marcas que apoiam causas sociais. Além disso, 86% priorizam lojas sustentáveis e 53% já deixaram de consumir produtos de empresas sem responsabilidade social.

Camisetas, bonés, bolsas e acessórios que estampam causas políticas e sociais não apenas comunicam ideias, mas também ajudam a financiar ações e garantir a autonomia de coletivos e movimentos. Ícones como o boné vermelho do MST e o boné azul com a frase “O Brasil é dos brasileiros” demonstram como a estética também se converte em símbolo de identidade e em estratégia de sustentabilidade financeira.

Em Curitiba, a Marcha da Maconha aposta nesse caminho e acaba de lançar sua coleção 2025 — peças que vestem uma causa e ajudam a viabilizar a próxima edição da Marcha, marcada para o dia 14 de setembro, na Boca Maldita.

Mais que um gesto de consumo, as peças da loja carregam um duplo significado: ajudam a garantir a autonomia financeira de um movimento que acontece de forma independente há 18 anos na cidade e permitem que o público vista sua causa e leve a pauta da Cannabis para o cotidiano.

“Vestir uma camiseta da Marcha é um ato político. É uma forma de dizer: eu apoio esse movimento, e eu ajudo a fazê-lo acontecer. Toda a renda da loja vai para estruturar a Marcha e nossas ações educativas”, explica a jornalista e ativista Carolina Fayad, da organização da Marcha da Maconha de Curitiba

A proposta combina design autoral, produção independente e militância — uma tendência crescente em movimentos sociais de todo o país.

“A moda sempre foi uma ferramenta de resistência. No caso da Marcha da Maconha, ela também se torna uma fonte concreta de financiamento para um movimento que precisa garantir sua autonomia política e financeira”, explica o designer e ativista Lucas Titon.

A experiência de Curitiba segue um caminho adotado por diversas lutas sociais que, diante da falta de financiamento público e da necessidade de manter sua independência, investem em produtos próprios como ferramenta de sustentabilidade.

Coleção 2025: o que vestir pela causa

A coleção 2025 da Loja da Marcha aposta em peças com forte apelo visual, criadas em diálogo com o tema da Marcha deste ano — “A Ciência Confirma, a Planta é Divina” — e com a estética da cultura em torno da Planta e a nova mascote da marcha, a Névoa, que é a ovelha verde da família.

Estão disponíveis:

  • Camiseta Oficial — R$80 (três estampas exclusivas)
  • Bolsinha exclusiva — R$50
  • Adesivo oficial — R$5
  • Moletom – R$120,00
  • Combo especial — R$270 (1 moletom + 1 camiseta + 1 brinde surpresa)

Os produtos já podem ser adquiridos pelas redes sociais da Marcha (@marchadamaconhacwb), com retirada em pontos parceiros ou no dia da manifestação.

“A gente não tem patrocínio nem verba pública. É o público da Marcha que sustenta o movimento. Quando você compra uma peça da loja, você ajuda a garantir que a Marcha aconteça com estrutura, segurança e materiais educativos. Portanto, desenvolvemos produtos acessíveis e muito bonitos para que toda nossa nação curitibana e apoiadores nacionais possam militar com estilo” comenta Patricia Druzian, ativista e idealizadora da curadoria dos produtos.

Movimento cultural em ascensão

O lançamento da coleção acontece em um contexto favorável. A cultura canábica vive um momento de expansão no Brasil, com mais abertura para o debate público, avanços científicos no uso terapêutico da planta e maior interesse por produtos que traduzam essa identidade cultural.

Em Curitiba, a Marcha da Maconha é um dos movimentos sociais mais consolidados da cidade. Em 2023, o ato reuniu cerca de 10 mil pessoas no centro. Com 19 anos de história em Curitiba, a Marcha envolve uma ampla diversidade de coletivos, associações e grupos, de ativistas a mães e familiares de pacientes que fazem uso de maconha para fins terapêuticos. Esse amplo espectro de participação reforça a ideia de que a luta pela legalização é uma luta por dignidade, saúde e justiça social e climática. A Marcha acolhe todos os setores da sociedade, e a participação no movimento é aberta a qualquer pessoa – não é necessário ser usuário para apoiar a causa.

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