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Estudo europeu aponta potencial da farinha de cânhamo como alternativa sem glúten e rica em nutrientes

by Redação

Um novo estudo realizado na Universidade da Calábria, na Itália, indica que sementes e óleo de cânhamo podem ser transformados em uma promissora farinha sem glúten, com textura ideal para panificação e alto valor nutricional. A pesquisa reforça o crescente interesse mundial no uso da cannabis em alimentos funcionais e saudáveis.

Publicado no periódico científico Molecules, o estudo analisou a substituição de ingredientes tradicionais por derivados do cânhamo na produção de cupcakes. Inicialmente, os pesquisadores observaram que substituir a manteiga por óleo de cânhamo reduziu a consistência da massa. No entanto, quando a farinha de trigo foi substituída integralmente por farinha de cânhamo, a consistência foi restaurada, resultando em uma textura de assado comparável à das receitas tradicionais.

Além disso, os pesquisadores detalham um método eficiente de extração de óleo enriquecido com CBD, combinando maceração com o uso de micro-ondas. O óleo obtido apresenta um perfil funcional, sendo considerado uma alternativa saudável aos óleos e gorduras convencionais.

Do ponto de vista nutricional, o cânhamo se destaca pela presença de proteínas, fibras dietéticas, aminoácidos essenciais e ácidos graxos ômega 3 e 6, componentes associados à melhora da saúde cardiovascular e à redução da pressão arterial. Segundo os autores, o uso combinado do óleo e da farinha de cânhamo enriqueceu significativamente o valor nutricional dos bolos sem glúten, abrindo caminho para novos produtos alimentícios mais saudáveis.

Nos Estados Unidos, o Departamento de Agricultura (USDA) também tem incentivado pesquisas sobre os benefícios nutricionais do cânhamo, inclusive no uso como ração animal. Em 2023, estudos mostraram que vacas alimentadas com farelo de cânhamo apresentaram níveis mínimos de THC e CBD na carne, garantindo segurança para o consumo humano. Outro estudo indicou que a inclusão do cânhamo na dieta reduz o estresse dos animais.

Ainda que no Brasil o cânhamo industrial continue sob forte regulação, iniciativas como essa ajudam a mostrar o potencial multifuncional da planta — da alimentação à construção civil, passando por tecidos, bioplásticos, cosméticos e até rações. A crescente demanda por ingredientes mais naturais e sustentáveis pode impulsionar a reavaliação do cânhamo nas políticas públicas e na indústria de alimentos brasileira.

Com o avanço da ciência e a abertura de novos mercados, o cânhamo se consolida como um recurso estratégico para a segurança alimentar, a nutrição funcional e a inovação agrícola. O desafio agora é derrubar barreiras regulatórias e preconceitos históricos para que a planta possa cumprir seu papel em um futuro mais verde e saudável.

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