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Marchar não é sobre fumar

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No dia 11 de junho de 2022, a Marcha da Maconha encheu a Avenida Paulista, no coração da capital. Após dois anos sem acontecer presencialmente, seu retorno era muito aguardado e pode-se dizer que foi um sucesso. Manifestação pacífica e organizada levanta as mais variadas pautas para discussões, integra diversos grupos que buscam pela mesma causa: O direito ao acesso e uso a uma planta milenar.

Desde o ano de 2011, o Supremo Tribunal Federal decidiu permitir a realização da Marcha da Maconha em todo o país, e cada vez mais, reconhecida pela sociedade como um movimento de grande importância para o crescimento da discussão coletiva. Os ativistas baseiam-se na liberdade de manifestação e expressão para sublinhar os valores medicinais e econômicos da erva. Eles defendem a legalização como forma de combater o tráfico e a violência.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o ato de fumar maconha não é a grande estrela desse movimento. Quando falamos da Marcha da Maconha, falamos de direitos pelos quais queremos lutar: seja pelo direito do auto cultivo da planta , pelo próprio ato de fumar ou até mesmo outras causas similares, como faz a APB (Associação Psicodélica do Brasil), que também esteve nessa marcha lutando pelo acesso de psicodélicos no SUS.

Além da luta contra a proibição e criminalização da planta, que gera um aumento de violência e da população carcerária (em sua maioria negra) com condenações de prisão que tem uma equivalência a de crimes hediondos, como estupro ou assassinato, podendo levar ao encarceramento por 5 a 15 anos, diversos grupos presentes na Marcha lutam pelo avanço nas pesquisas do uso da cannabis para uso medicinal, pois já se sabe através de inúmeras comprovações científicas, que seu uso beneficia e traz melhoria na qualidade de vida para pacientes com diversos diagnósticos diferentes de doenças e contextos de saúde mental e global.

Movimentos como esse promovem uma grande integração e aproximação dos mais variados grupos, curiosos ou aqueles que fazem questão de estar presentes e dar os testemunhos de suas vidas, sobre o quanto foram beneficiadas por seu uso e suas dificuldades em obter os apoios necessários em continuar a se tratar com a cannabis medicinal.

Representantes de diversas Associações estavam presentes, assim como Institutos e Movimentos Sociais, que tem a oportunidade de trocar informações, conhecimentos e principalmente mostrar sua presença e como estão atuando. Lembrando que os tratamentos com cannabis medicinal ainda são relativamente caros e poucas pessoas conseguem ter acesso. Porém o surgimento de inúmeras associações está acelerando o acesso de forma mais democrática, ainda com muitas dificuldades por causa de políticas restritivas e baseadas em proibicionismo.

A luta pela descriminalização e legalização da maconha é uma questão de saúde publica e deve ser levada muito a sério. Com o avanço constante e o crescimento acelerado das pesquisas científicas, o mundo todo vem discutindo o tema com muita responsabilidade e muitos países estão regulamentando suas legislações para se adaptar as mudanças. Muitos países já mostram resultados positivos após a mudança de suas políticas e servem como exemplos para os que desejam se incluir nesse processo.

Ainda há muito para marchar, com certeza, basta pensar que há anos atrás seria impossível imaginar o cenário que já conseguimos ver em 2022. Pessoas de todos os tipos e ideologias, idades e gêneros, cores e formas, manifestando seus desejos de conquistas de forma pacífica e integrada. Foi uma grande Marcha e que venham muitas mais, até o dia em que marcharemos somente para comemorar!

*Natanael Tazzo – Engenheiro, fotógrafo, criador de conteúdo e estudante de cannabis medicinal pela UNIFESP. Ativista na luta pela descriminalização da cannabis assim como a sua democratização.

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