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Você é à favor da maconha agora ou amanhã?

by contato

A questão com a proibição da maconha não é se ela deve ser encerrada, mas sim quando é que a proibição será encerrada. A resposta para isso depende da resposta para outra pergunta: como podemos passar do atual sistema de fiscalização ineficaz e irracional para um sistema funcional e duradouro que satisfaça os requisitos genuínos de usuários individuais de maconha e empresas legítimas de maconha?

A luta entre os togados operadores do direito, com seus cães estatais armados, contra a população sobre a questão da proibição, iniciada e avançada pela guerra às drogas, não deve surpreender ou de forma alguma assustar o brasileiro. Primeiramente porque o bem-estar econômico desse sofre substancialmente com o caos deixado pelo golpe de 2016 até culminar na tomada do poder executivo federal por milicianos. Além disso, a luta foi diluída entre tantas outras desgraças que um país em vias de civilizar-se tem que conviver: o racismo estrutural, a alienação do trabalhador e o caráter suicida de uma classe média brutalmente predatória e ignorante.

Países mais avançados que o Brasil encontraram a solução para diversos problemas com a maconha. A regulamentação dessa área economicamente bilionária e que é capaz de gerar produtos que envolvem desde a indústria têxtil à farmacêutica mostra os louros colhidos após alguns poucos anos. Onde se permite o uso da própria massa encefálica cinzenta, livre de preconceito, hipocrisia e obscurantismo, o estado das leis sobre a maconha acompanhou no mesmo passo o desenvolvimento civilizatório desse arriscado ato de pensar.

Os togados e os armados (tanto os com permissão do Estado como os narcotraficantes) sempre estiveram desprovidos de argumentos racionais, econômicos, científicos, sociais ou de qualquer outra ordem. Eles contavam apenas com a ignorância geral ou com a cumplicidade dos poucos que lucram com a imbecilidade que é a guerra à maconha (para circunscrever-me a ela agora). Esses tempos são idos em diversos lugares do mundo, e é um processo sem volta! É justamente agora que eu te convido à reflexão, quando você será à favor da maconha?

*Dr. Vinícius de Mesquita (CRM 14.642/PB) é clínico geral, prescritor de cannabis medicinal e atua na saúde mental e neurologia.