O deputado do Uruguai Eduardo Antonini apresentou no Parlamento um projeto de lei que visa introduzir alterações na legislação de cannabis e permitir aos turistas o acesso de forma legal. O projeto tem o intuito de que os não residentes que se encontrem legalmente no país possam ter acesso, durante a sua permanência, aos mecanismos de venda de cannabis e seus derivados para consumo pessoal.
Os empreendimentos turísticos credenciados pelo Ministério do Turismo podem associar-se a clubes de associados ou tê-los em suas instalações. Se a lei for aprovada, além disso, o número de fábricas e sócios que esses clubes podem ter será modificado: de 45 sócios passaria para até 200, e o número de fábricas seria 300 e não 99 como é agora. De acordo com a justificativa, o projeto procura promover o turismo devido à “importante crise que está sofrendo” após os dois anos de pandemia de Covid-19.
Hoje no Uruguai existem mais de 120 empresas ligadas a cannabis, das quais mais de 80% são micro e pequenas empresas. No Uruguai, o setor de cannabis gera mais de 1 mil empregos diretos, expandindo-se significativamente durante as safras. “A nível internacional, o turismo de cannabis abrange vários ramos de atividade que excedem em muito a produção, distribuição e venda de cannabis. Tem impacto em todas as áreas beneficiadas pelo movimento de turistas: transportes, hotelaria, gastronomia, atividade cultural e comércio em geral”, afirma o deputado. Eduardo Antonini cita ainda o exemplo pioneiro da Holanda, onde a existência de coffee shops ao longo de décadas promoveu um fluxo de visitantes muito importante e regular para aquele país devido à referida atividade, no que consideram ser um diferencial atrativo ao escolher um destino para os viajantes.
Questão que divide a coalizão interna do governo
Recentemente ao ser entrevistado pela BBC em Londres o presidente uruguaio Luis Lacalle Pou afirmou que o país está cometendo um erro sobre a legalização da cannabis. “Estamos tentando mudar algumas coisas. Acredito em pessoas, clubes de maconha ou o que tivermos, que produzam sua própria maconha e possam ter seus próprios círculos de consumo de maconha e não o Estado”, respondeu. Por outro lado, expressou que votou a favor de parte da lei porque acredita que se deve ter maconha legalmente e não ilegalmente. “O estado não precisa estar nas plantações e vendendo drogas.”
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