A Universidade Federal de Sergipe (UFS) vem desenvolvendo estudos sobre os benefícios da cannabis há quase uma década. Os ensaios, em fase pré-clínica, buscam confirmar o potencial neuroprotetor das substâncias.
Segundo o professor de Biocências e coordenador do Laboratório de Neurobiologia Comportamental e Evolutiva (Lance-UFS) José Ronaldo dos Santos, as pesquisas têm demonstrado os efeitos benéficos da cannabis para o tratamento de transtorno de ansiedade e de doenças neurodegerativas, como Parkinson e Alzheimer.
Uma das análises em andamento no laboratório investiga de maneira mais aprofundada os impactos moleculares do uso do óleo extraído da cannabis nos mecanismos fisiológicos de neuroproteção contra o parkinsonismo.
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A pesquisa em modelo animal é feita com cerca de 50 ratos. O experimento começou a ser conduzido no início deste ano pelo biólogo Leandro Santos Souza no doutorado em Ciências Fisiológicas da UFS e deve durar quatro anos.
“As evidências que trazemos, mesmo preliminares, podem abrir novas possibilidades para estudos em humanos, podendo auxiliar a dosagem e a circunstância mais adequadas para o uso do óleo do canabidiol contra a Parkinson,” explica o doutorando.
Política Estadual de Cannabis
Atualmente, os compostos de canabidiol testados em modelo animal na UFS são produzidos na Universidade Federal de São Paulo (Univfesp). No entanto, a recente sanção da lei que criou a Política Estadual de Cannabis, além de facilitar o acesso dos pacientes aos remédios à base da planta, permitirá a ampliação de pesquisas científicas.
Para o professor de Biociências da UFS, Auderlan Mendonça, “apesar das evidências existentes, ainda é preciso avançar na pesquisas para entender melhor como funciona o mecanismo neuroprotetor do canabidiol e poder passar a fazer ensaios em humanos”.
Tratamento de lesões de pele
Além de avaliar os benefícios da cannabis no tratamento de doenças neurodegenerativas, o Laboratório de Neurobiologia da UFS se prepara para iniciar análises pré-clínicas de compostos para tratar lesões na pele, em parceria com o Ambulatório de Cicatrização do Departamento de Enfermagem do campus de Lagarto.
“A ideia é avaliar o efeito anti-inflamatório e de alívio da dor, pois são esses dois fatores que vão auxiliar o processo de cicatrização. Isso vai ajudar na melhora no tratamento da ferida, estimulando a circulação sanguínea e diminuindo o estresse oxidativo,” afirma a professora de Enfermagem, Katty Anne Medeiros.
Comercialização de produtos
Recentemente a Justiça Federal em Sergipe autorizou a ONG Salvar a fazer o cultivo e produção da cannabis sativa pra fins exclusivamente medicinais. A decisão judicial é considerada inédita no país, pois permite, pela primeira vez, a comercialização da flor da planta.
Com isso, de acordo o presidente da associação que reúne cerca de 200 pacientes, Paulo Reis, será possível firmar parcerias com universidades e institutos de pesquisas para o melhoramento dos produtos derivados da cannabis.
“Já iniciamos o diálogo com a UFS para um convênio na perspectiva de garantir tanto o monitoramento da qualidade dos produtos, bem como a padronização dessa produção, já que vamos poder produzir desde pomadas até sprays”, ressalta o presidente.
Texto e foto: Josafá Neto – Portal UFS
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