Uma nova revisão científica revelou que o óleo de cannabis pode desempenhar um papel importante na cicatrização de feridas na pele, proporcionando benefícios promissores, apesar da necessidade de aprimorar as formulações dos produtos. O estudo, conduzido por pesquisadores de universidades na Índia e na Tailândia, destaca o potencial da cannabis para promover um ambiente mais favorável à regeneração dos tecidos.
“O óleo de cannabis, em especial o CBD, pode criar um ambiente mais propício para a regeneração do tecido ao mitigar os danos oxidativos. Suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antimicrobianas oferecem um potencial terapêutico significativo na cicatrização de feridas. Estudos pré-clínicos já mostraram que extratos de cânhamo e CBD podem acelerar a cicatrização em até 86% em dez dias, com fechamento completo de feridas observados em 23 dias”, explicou o médico dermatologista e estudioso da cannabis medicinal Guilherme Marques.
A pesquisa, publicada na revista Pharmaceutics, investigou especificamente o impacto do óleo de cannabis sobre as “espécies reativas de oxigênio” (ROS), substâncias químicas que desempenham um papel crucial no desenvolvimento de feridas, causando danos às células e aos tecidos. Segundo os autores, o aumento dos níveis de ROS pode prejudicar a cicatrização, agravando a inflamação e danificando ainda mais as células. O canabidiol (CBD), um dos principais compostos da cannabis, possui propriedades antioxidantes que podem ajudar a combater esses efeitos nocivos, criando um ambiente mais propício à regeneração celular.
De acordo com o estudo, o óleo de cannabis pode reduzir os danos oxidativos ao eliminar as ROS e ativar mecanismos antioxidantes, potencialmente acelerando o processo de cicatrização. Além disso, os pesquisadores destacaram que as propriedades antibacterianas e analgésicas da cannabis podem diminuir a carga microbiana e complicações em feridas crônicas, aumentando a eficácia do tratamento.
Os cientistas afirmam que, embora a pesquisa sobre o uso de CBD para curar feridas ainda seja limitada, os estudos existentes oferecem uma base sólida para compreender como o composto atua no corpo e seu potencial terapêutico. No entanto, os autores ressaltam a necessidade de mais investigações para otimizar as formulações do óleo de cannabis e maximizar seus benefícios medicinais.
O uso terapêutico da cannabis para o alívio da dor também vem sendo amplamente estudado. Uma pesquisa recente apontou que a gestão da dor é a principal motivação para o consumo de cannabis entre usuários. Além disso, a dor crônica é a condição mais comumente citada nos programas de maconha medicinal em vários estados dos EUA.
“A cannabis está se mostrando uma opção promissora para o manejo da dor musculoesquelética, sendo mais eficaz do que medicamentos analgésicos tradicionais em alguns casos. Isso se alinha com o crescente interesse em explorar canabinoides e terpenos, como o beta-cariofileno, que demonstrou acelerar a reepitelização de feridas e reduzir a inflamação, como terapias alternativas para condições crônicas”, completo Marques.
Sobre os desafios, o dermatologista é enfático: “Apesar dos benefícios promissores do óleo de cannabis na cicatrização de feridas, ainda há desafios na otimização das formulações para uso terapêutico. Estudos recentes destacam a importância de compostos como o beta-cariofileno, α-pineno e α-felandreno, que não apenas aceleram a cicatrização, mas também promovem a deposição de colágeno e criam cicatrizes mais resistentes. Aconselho que sigam a @Terpsbrasil para atualizações científicas sobre terpenos.”
“Embora muitos pacientes não se identifiquem como usuários medicinais de cannabis, a maioria a utiliza para aliviar sintomas relacionados à saúde, o que demonstra a importância de integrar essa prática no manejo clínico com base em evidências. Estudos iniciais apontam que a modulação de vias do sistema endocanabinoide, através de canabinoides como CBD e THC, pode ser especialmente promissora no tratamento de feridas crônicas, acelerando a cicatrização e reduzindo a inflamação”, conclui.