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Mãe alagoana comove audiência na Câmara de Maceió ao relatar benefícios do canabidiol no tratamento dos filhos autistas

by Redação

Audiência pública discute proposta de regulamentação do uso de cannabis medicinal pelo SUS em Maceió

A Câmara Municipal de Maceió foi palco, nesta quinta-feira (24), de uma audiência pública que reforçou a urgência da regulamentação do uso da cannabis medicinal no Brasil. A sessão, proposta pela vereadora Teca Nelma, teve como foco a criação de uma política municipal que garanta o acesso gratuito ao canabidiol (CBD) pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Com a presença de representantes da OAB/AL, médicos prescritores, juristas, pesquisadores e associações de pacientes, o debate buscou fortalecer a construção de uma política pública baseada em evidências científicas, inclusão e cuidado humanizado.

Um dos momentos mais emocionantes foi o depoimento da jovem Paula Marques, mãe de duas crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ela compartilhou os impactos positivos do uso do canabidiol no tratamento dos filhos, Miguel e Ana Milena, arrancando lágrimas e aplausos da plateia.

“Comecei usar no Miguel. Em menos de 15 dias a flora intestinal melhorou. Conseguiu se regular no sono. Conseguia sentar, se concentrar. A parte da agressão de ele se bater, batia na parede, se mordia, tudo a cannabis foi melhorando. A coordenação motora fina. A mastigação também. Ele tinha alergia a ovos, e hoje ele não tem mais”, contou Paula, emocionada.

Sobre Ana Milena, ela destacou avanços especialmente na fala e na ansiedade:

“Ana Milena tem ansiedade. Ela melhorou a ansiedade. Tirou um pouco da seletividade alimentar. Mas a parte mais fantástica foi a fala. Ela começou a falar. Para mim isso foi muito importante. A cannabis medicinal tem mudado vidas”, relatou.

Enquanto famílias como a de Paula buscam alívio no tratamento de condições como autismo, epilepsia, dores crônicas e outras enfermidades, a regulamentação do cultivo e da comercialização da cannabis medicinal no Brasil ainda avança a passos lentos.

Embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permita a importação de produtos à base de canabidiol desde 2019, o plantio no território nacional segue sem regulamentação clara. Em 2023, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu a possibilidade de autorizar o cultivo e a comercialização da cannabis com baixo teor de THC (até 0,3%), exclusivamente para fins medicinais e farmacêuticos — mas impôs que tais atividades sejam exercidas apenas por pessoas jurídicas e autorizadas pela Anvisa.

Na mesma decisão, o STJ estabeleceu um prazo de seis meses para que a Anvisa publique a regulamentação, prazo que termina em maio deste ano. Apesar dos pedidos de prorrogação por parte da União e da própria Anvisa, o tribunal manteve o prazo original.

Projetos de lei em tramitação

No Congresso Nacional, o tema também ganha espaço. Entre os parlamentares que apresentaram propostas de regulamentação da cannabis medicinal estão os senadores Mara Gabrilli (PSD-SP), Eduardo Girão (Novo-CE), Flávio Arns (PSB-PR) e Paulo Paim (PT-RS).

Enquanto isso, famílias em todo o Brasil seguem enfrentando barreiras legais e financeiras para garantir acesso a tratamentos com eficácia já comprovada cientificamente. A audiência em Maceió reforça o clamor por uma política pública de acesso universal e seguro à cannabis medicinal no SUS.

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