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LSD mostra eficácia no tratamento da ansiedade em estudo clínico publicado no JAMA

by Redação

Resultados reforçam a necessidade de rever barreiras legais que frearam pesquisas com psicodélicos por décadas

Um estudo clínico de fase intermediária conduzido pela farmacêutica MindMed demonstrou que o LSD pode reduzir sintomas de transtorno de ansiedade generalizada por até três meses. Os resultados foram publicados nesta quinta-feira (4) no Journal of the American Medical Association (JAMA) e divulgados pela Associated Press.

A pesquisa envolveu quase 200 pacientes, que receberam aleatoriamente uma de quatro doses de LSD ou placebo. Nas quatro semanas seguintes, as doses mais altas da substância reduziram significativamente os sintomas de ansiedade, com efeitos mantidos em 65% dos pacientes após 12 semanas. Quase metade dos participantes que recebeu a maior dose teve os sintomas praticamente eliminados.

O estudo adotou um modelo simples: os pacientes receberam uma única dose de LSD sob supervisão profissional, sem sessões terapêuticas adicionais — diferentemente de pesquisas anteriores com MDMA, que combinaram o uso da substância com longos acompanhamentos clínicos. Os efeitos colaterais relatados foram, em sua maioria, alucinações, náuseas e dores de cabeça.

A Food and Drug Administration (FDA) já reconhece compostos como psilocibina, MDMA e agora o LSD como terapias “inovadoras” para transtornos mentais. Essas substâncias vêm sendo investigadas para depressão, ansiedade, TEPT e outras condições que muitas vezes não respondem aos tratamentos convencionais.

“Este estudo representa um passo na retomada de pesquisas antigas, aplicando padrões modernos para avaliar custos e benefícios dessas drogas”, afirmou Frederick Barrett, diretor do centro psicodélico da Universidade Johns Hopkins.

A MindMed planeja novos ensaios de maior duração para acompanhar pacientes por períodos mais longos e avaliar a necessidade de retratamentos.

O LSD chegou a ser amplamente estudado nas décadas de 1950 e 1960, mas as pesquisas foram interrompidas após sua proibição em 1970, quando a substância foi classificada nos EUA como pertencente à Lista 1 — a mais restritiva, considerada sem uso medicinal e com alto potencial de abuso. Os novos resultados, porém, reforçam como a proibição interrompeu avanços científicos que poderiam já ter transformado a saúde mental há décadas.

Fonte: Exame.com / Associated Press / JAMA.

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