A construção civil é uma das indústrias mais antigas e, infelizmente, uma das mais poluentes do planeta. A produção e uso de concreto, um dos materiais mais fundamentais na construção, contribuem significativamente para as emissões de carbono.
No entanto, a busca por alternativas sustentáveis e ecológicas está ganhando força. No Brasil, a empresa Hempower está liderando essa revolução. Fundada há apenas três meses pelo engenheiro civil e com mestrado na França em Cidades Inteligentes, Rodrigo Segamarchi, a empresa tem uma missão clara: introduzir o cânhamo na indústria da construção brasileira e, ao fazer isso, transformar a forma como construímos nossas casas, edifícios e estruturas.
“A ideia da empresa surgiu após dois anos de estudo sobre o cenário global da construção com cânhamo e de uma insatisfação em ver que nenhuma pessoa ou empresa no Brasil trabalhava ou representava especificamente esta parcela do mercado, da aplicação do cânhamo na fabricação do concreto”, explica.
Feito de apenas água, cal e fibra de cânhamo, o hempcrete contém uma lista impressionante de benefícios. Rodrigo, que aprendeu a fabricar os blocos em um curso em Medellín, na Colômbia, conta que eles são até sete vezes mais leves, capturam CO2 da atmosfera durante todo o processo de cultivo e fabricação, têm um impacto ambiental positivo (ou seja, retiram mais CO2 da atmosfera do que emitem).
“Além de ser um material que tem durabilidade medida em centenas de anos, é um material biodegradável, ou seja, após ser utilizado e o ambiente demolido, todo o carbono capturado volta para a terra e não vai para o meio ambiente. Por serem blocos permeáveis à vapor d’água, são autorreguladores da umidade relativa do ambiente interno, deixando-a na faixa entre 50 e 60% de umidade relativa, que é o cenário ideal para impedir a proliferação de doenças respiratórias.”
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O empresário salienta que os blocos requerem até 80% menos energia em seu uso, economizando custos de energia e eliminando a necessidade de sistemas de aquecimento ou resfriamento. Além disso, têm uma grande capacidade de isolamento acústico e principalmente térmico, o que melhora a eficiência energética.
Desafios ainda são grandes
Enquanto os benefícios são inegáveis, a Hempower enfrenta desafios significativos. Conforme Segamarchi antes, o obstáculo era a produção dos blocos, agora a empresa trabalha para adaptar a legislação nacional e as normas de construção à utilização da fibra de cânhamo. O empresário ressalta que somente quando essas barreiras regulatórias forem superadas, a fabricação dos blocos se tornará uma realidade.
Para enfrentar a falta de maquinário e mão de obra especializada, a Hempower planeja desenvolver seu próprio equipamento e fornecer treinamento para capacitar profissionais interessados em trabalhar com o material.
O fundador e CEO ressalta que a educação também é uma parte fundamental da missão da Hempower, tornando-se não apenas uma empresa, mas uma comunidade de compartilhamento de conhecimento, dados e estudos com base científica, em uma linguagem acessível a todos.
Revolução verde no Brasil
O hempcrete não é uma novidade. Ele tem sido usado na construção há milhares de anos. No entanto, o século passado viu o surgimento de materiais de construção mais modernos e a criminalização do cultivo de cânhamo devido à sua associação com o uso recreativo de cannabis.
Embora aqui no Brasil ainda não seja possível construir usando os blocos à base de fibras de cânhamo da Hempower, a empresa vê o mercado e as leis evoluindo para abrir caminho para essa inovação.
“Há muito trabalho a ser feito, mas estamos percebendo que o mercado e as leis estão caminhando rapidamente para isto nos últimos tempos.”
Saiba mais sobre a Hempower e a promessa de tecnologia de blocos de cânhamo visitando o perfil da empresa no Instagram.
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