Um estudo recentemente publicado na revista Molecules mostra que o canabidiol (CBD), componente da cannabis, pode ser eficaz na prevenção de infecções orais quando incorporado ao material principal usado em dentaduras. O estudo, financiado pelo governo, revela que a adição de CBD às dentaduras demonstra “potencial para revestimentos de dentaduras sem antibióticos, reduzindo biofilmes dentais e a formação de placas, e melhorando os resultados de saúde bucal”.
Para testar as propriedades do CBD em dentaduras, os pesquisadores incorporaram o canabidiol a um tipo de plástico conhecido como polimetilmetacrilato (PMMA), material comumente utilizado em dentaduras devido às suas qualidades físicas e estéticas favoráveis. Os pesquisadores então testaram a atividade antimicrobiana contra três tipos de bactérias: Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Streptococcus agalactiae.
Os resultados mostraram que os revestimentos de dentadura com CBD apresentaram “efeitos bactericidas significativos” contra as chamadas bactérias Gram-positivas. Quanto às bactérias Gram-negativas, geralmente mais resistentes a antibióticos, o revestimento de CBD foi ineficaz contra as bactérias Gram-negativas em sua forma livre, mas eliminou eficazmente as comunidades bacterianas conhecidas como biofilmes.
“O estudo de biofilmes revelou uma redução de 99% no crescimento de biofilmes para bactérias Gram-positivas e Gram-negativas no PMMA infundido com CBD, comparado ao PMMA comum”, afirma o relatório. “O CBD alterou as vias celulares bacterianas, causando lise”, ou a destruição da célula.
Em resumo, os autores afirmam: “Os estudos de biofilmes mostraram que os revestimentos de PMMA/CBD foram eficazes em erradicar todos os patógenos em sua superfície.” Eles concluem que o CBD pode ser incorporado a materiais, permitindo dentaduras sem antibióticos para prevenir biofilmes dentais e reduzir as placas bacterianas.
Os pesquisadores observaram diferenças notáveis entre o plástico com CBD e o PMMA convencional. Por exemplo, o crescimento da bactéria S. agalactiae no PMMA não tratado foi “10.000 vezes maior” em comparação com a amostra tratada com CBD.
“Com a adição de CBD nos revestimentos, houve uma redução de 99% nos biofilmes de S. aureus e E. coli, e uma redução de 99,99% nos biofilmes de S. agalactiae,” diz o relatório.
O estudo foi publicado em uma edição especial da Molecules, dedicada a aplicações antibacterianas de “materiais poliméricos inteligentes” e foi financiado federalmente pelo Natural Sciences and Engineering Research Council of Canada.
Os pesquisadores também destacaram que é necessário mais estudo para desenvolver revestimentos que possam liberar agentes antibiofilme de maneira controlada e sustentada, para maximizar a eficácia do CBD na eliminação de biofilmes e bactérias.
Além disso, outros estudos sugerem que o CBD pode ter efeitos antibacterianos e antioxidantes também em outras áreas, como no tratamento de infecções vaginais e no cuidado com a pele. Essas descobertas ampliam as possíveis aplicações do CBD, tanto para a saúde humana quanto para tratamentos veterinários, com evidências de benefícios no tratamento de doenças de pele em cães.
Essas descobertas se somam a um corpo crescente de pesquisa que explora os potenciais usos terapêuticos do CBD, desde a prevenção de infecções até a promoção da saúde da pele.