Pesquisa com mais de 2 mil pacientes mostra melhora sustentada em qualidade de vida, dor, sono, ansiedade e depressão ao longo de 12 meses
Um estudo publicado no dia 2 de abril de 2025, na revista científica PLOS ONE, traz novas evidências sobre os efeitos positivos da cannabis medicinal no tratamento de doenças crônicas. A pesquisa acompanhou pacientes ao longo de um ano inteiro e concluiu que os benefícios percebidos nos primeiros meses de uso se mantêm no longo prazo, incluindo melhora na qualidade de vida, dor crônica, distúrbios do sono, ansiedade e depressão.
A investigação faz parte da iniciativa QUEST (QUality of life Evaluation STudy), liderada pela pesquisadora Margaret-Ann Tait, da Universidade de Sydney, na Austrália. O estudo envolveu mais de 2.300 adultos que começaram a usar óleos de cannabis medicinal entre novembro de 2020 e dezembro de 2021, com prescrição médica para diferentes condições de saúde.
Melhorias sustentadas em diversas áreas da saúde
Os participantes responderam questionários clínicos que avaliaram sintomas específicos das suas doenças, além de aspectos como fadiga, dor, sono, cognição e bem-estar emocional. Os dados mostraram que as melhoras observadas após três meses de uso se mantiveram ao longo dos 12 meses de acompanhamento.
Pacientes diagnosticados com dor crônica, ansiedade generalizada, depressão, insônia e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) apresentaram avanços significativos na qualidade de vida relacionada à saúde (HRQL). Pessoas com distúrbios de movimento também relataram melhora no bem-estar geral, embora não tenham apresentado mudanças expressivas na função motora dos membros superiores.
Cannabis medicinal como alternativa terapêutica
Desde 2016, a Austrália permite que pacientes que não respondem bem aos tratamentos convencionais tenham acesso à cannabis medicinal com prescrição. Atualmente, mais de um milhão de pessoas já foram tratadas com derivados da planta no país, em mais de 200 tipos de doenças.
Embora o estudo não tenha contado com um grupo controle (o que limita conclusões definitivas sobre causa e efeito), os resultados indicam que a cannabis medicinal pode representar uma alternativa terapêutica eficaz e segura para pacientes com quadros crônicos, promovendo ganhos reais e sustentados em saúde e qualidade de vida.
“Essa é uma ótima notícia para pacientes que não encontram alívio nos medicamentos convencionais”, destacam os autores.
Evidências que fortalecem o debate no Brasil
O cenário brasileiro segue em transformação, com debates acalorados sobre a regulamentação do cultivo de cannabis para fins medicinais e industriais. Estudos como o da iniciativa QUEST fortalecem a base científica necessária para embasar políticas públicas mais justas e eficazes, capazes de garantir o direito ao tratamento com cannabis para milhares de brasileiros.