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Relação entre a cannabis e a inflamação

by Redação

Estudos recentes têm explorado o potencial da Cannabis e do canabidiol (CBD) como agentes anti-inflamatórios eficazes. E, tenho visto cada dia mais em meu consultório a crescente busca de pacientes com algum tipo de inflamação em busca da terapia canabinoide. Mas, como o CBD atua nos tratamentos para inflamação?

Mas, o que é a inflamação?  Em termos gerais, pode-se considerar a inflamação como a maneira de o corpo lutar e se proteger contra danos, o que pode significar uma infecção ou lesão dentro ou fora do corpo. Essa reação se deve ao sistema imunológico enviando um grupo de glóbulos brancos para conter o sangramento e combater qualquer forma de infecção. Ou seja, o sistema imunológico faz com que qualquer parte do corpo em risco de ser infectada fique inflamada. 

A inflamação desempenha um papel crucial em várias doenças, e o CBD tem o potencial de regular a resposta inflamatória por meio da interação com o sistema endocanabinoide do corpo. Embora não tenha afinidade direta com os receptores CB1 e CB2, o CBD atua como um “agonista inverso” nesses receptores, inibindo sua ativação.

Quando os canabinoides estimulam os receptores do sistema endocanabinoide, eles desencadeiam uma série de efeitos anti-inflamatórios, como a redução da produção de citocinas e quimiocinas (marcadores de inflamação) e o aumento da atividade das células reguladoras T, que suprimem as respostas inflamatórias.

Os canabinoides naturais do nosso corpo, como a anandamida e o 2-AG, desempenham um papel importante nesses efeitos inflamatórios, sinalizando aumentos e diminuições da inflamação por meio desses receptores, mas os canabinoides externos da cannabis também podem estimular essas funções.

Quando falamos sobre a utilização medicinal da cannabis e suas evidências científicas, precisamos levar em conta todo o efeito causado pela proibição na ciência e, por consequência, o atraso no estudo em certas condições clínicas.

Existem evidências científicas que sugerem que a cannabis pode reduzir a inflamação e, também, tratar condições que são consequências de quadros inflamatórios. Mas, também, existem pesquisas que indicam que a cannabis pode aumentar a inflamação em determinados casos.

O CBD influencia o funcionamento interno do sistema endocanabinoide, afetando a produção e atividade de diferentes compostos químicos e enzimas biológicas. Esses compostos, por sua vez, regulam a resposta inflamatória.

Em estudos experimentais com artrite reumatoide, a cannabis demonstrou efeitos anti-inflamatórios que protegem os pacientes da progressão da doença, reduzindo a inflamação no corpo. Em um estudo duplo-cego envolvendo pacientes com artrite reumatoide, a cannabis não apenas aliviou a dor, mas também suprimiu a atividade inflamatória da doença.

Estudos também mostram que a cannabis pode ajudar na esclerose múltipla, reduzindo os produtos químicos inflamatórios, como citocinas, produzidos pelo corpo. Pacientes com esclerose múltipla que receberam cannabis em oito estudos clínicos separados relataram melhora nos sintomas e apresentaram melhores resultados em medidas objetivas, como caligrafia e testes de controle da bexiga.

Em relação à inflamação aguda, estudos em modelos animais demonstraram que o CBD possui propriedades anti-inflamatórias. Em experimentos com camundongos, o CBD foi administrado por meio de injeções e mostrou atividade anti-inflamatória em casos de pancreatite aguda induzida por ceruleína e lesão pulmonar aguda.

Se você sente que a cannabis pode ser útil para o seu quadro, converse com um médico. Ele poderá identificar melhor a sua condição e, a partir disso, determinar se o tratamento com cannabis pode ser útil e qual seria o melhor tratamento para o seu caso.

*Dra. Amanda Medeiros Dias (Crm 39.234 PR) é médica formada em 2017, com pós-graduação em pediatria e nutrologia pediátrica e, atualmente, está cursando Psiquiatria Infantil pelo CBI Miami. Possui Certificação Internacional Green Flower de Medicina Endocanabinoide. Tem experiência na prática clínica com crianças e adultos, visão integrativa olhando o paciente como um todo, possui experiência prática mesclando medicina com aromaterapia e cromoterapia, com foco na visão holística. Além de prescritora, é paciente de cannabis medicinal desde 2018. Também é diretora técnica no Instituto Coração Valente e médica voluntária em projetos da UNA (Unidos pela Amazônia).

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