A política é essencial para uma mudança em todo o processo de regulamentação da cannabis no nosso e em todos os outros países. Por isso, a educação política é tão importante nesse assunto que envolve de saúde pública ao sistema carcerário. Devemos conhecer as propostas e propósitos de todos os nossos candidatos, em todas as eleições. E se possível, talvez o mais importante, atuarmos também.
Principalmente através de movimentos sociais e debates, pôde-se avançar tanto nos últimos. Basta dizer que em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão unânime com total de 8 votos, decidiu permitir a realização da Marcha da Maconha em todo o país, e desde então ocorrem pacificamente e levantam cada vez mais pautas associadas a cannabis, gerando sempre mais conteúdo para discussões e debates. Lembrando que antes dessa permissão, as marchas eram duramente reprimidas por forças policiais e isso também gerava uma resposta negativa perante a sociedade civil, distanciando as pessoas do tema real e aumentando um estigma negativo sobre a planta e seus usuários.
Saiba as opiniões dos presidenciáveis deste ano.
Entenda mais sobre o STF e seu posicionamento sobre a planta
Outro exemplo, onde identificamos os resultados da atuação política, é com o Projeto de Lei 399/2015 que viabiliza o cultivo da cannabis para uso medicinal e está enfrentando muitas dificuldades desde que foi criado em 2015. De lá pra cá, muitas alterações já foram realizadas, tornando o PL399/2015 um marco regulatório da cannabis medicinal no Brasil, mas que ainda aguarda suas etapas de avanço até a conclusão. Isso faria do Brasil um dos cerca de 50 países com regulamentação sobre a cannabis medicinal.
Muitos especialistas de diversas áreas se manifestam a favor dessa regulamentação, pois dessa forma avanços podem ser conquistados em diversas áreas (da saúde a agricultura, desenvolvimento científico a reparação social) trazendo inúmeros benefícios à sociedade de uma forma geral, como o apoio para surgimento de novas associações que possibilitam a democratização do acesso a essa terapia. Já que os medicamentos atualmente distribuídos são de valores exorbitantes e acessíveis apenas a uma pequena camada da sociedade.
Enquanto o Marco Regulatório não se define, o número de associações vem crescendo organicamente pelo Brasil, assim como o número de médicos prescritores de cannabis e, logicamente, os pacientes. A percepção sobre o assunto já vem se transformando e a informação correta é a melhor ferramenta desse processo. Através dela podemos esclarecer toda a confusão que já foi criada sobre o assunto, com base em pesquisas e comprovações científicas que não param de crescer.
A revolução canábica é silenciosa e já começou, está acontecendo no mundo todo e não vai parar. Está em pleno avanço e a boa escolha de seus candidatos é fundamental para que esse processo seja mais lento ou mais acelerado. Conheça seus candidatos, faça escolhas conscientes.
*Natanael Tazzo – Engenheiro, fotógrafo, criador de conteúdo e estudante de cannabis medicinal pela UNIFESP. Ativista na luta pela descriminalização da cannabis assim como a sua democratização.