Geralmente quando falamos sobre tratamentos com cannabis, a primeira referência das pessoas são os as tinturas. Mas, os tratamentos estão disponíveis em muitas formas e podem ser utilizados de várias maneiras. O sistema mais apropriado para a terapia com cannabis é aquele que fornece uma dose ideal por uma duração desejada, com poucos efeitos colaterais indesejados.
Por isso, cada condição pode exigir um método de administração que vai ser mais efetivo. E, uma das formas que começamos a ter acesso no Brasil é a utilização in natura da planta, via vaporização. Quando inalados, os canabinoides e outros compostos presentes na cannabis, como os terpenos, são absorvidos pelos pulmões, sangue e atravessam a barreira hematoencefálica. Os primeiros efeitos da cannabis inalada geralmente ocorrem em poucos minutos e desaparecem gradualmente após 2-3 horas.
Vaporizar costuma ser eficaz no tratamento de sintomas agudos que precisam ser tratados rapidamente, como espasmos dolorosos, náuseas e vômitos. É bastante fácil titular a dose por inalação e, por conta da temperatura que você pode selecionar no vaporizador, pode obter alguns benefícios específicos.
E como um vaporizador aquece a ‘flor’ sem queimá-la, os ingredientes ativos são inalados como vapor e não há fumaça envolvida, eliminando a temida e danosa combustão. Isso o torna uma alternativa mais saudável ao fumo.
A queima e a inalação subsequente de qualquer material vegetal é sempre prejudicial para a saúde humana. Por isso, os vaporizadores ajudam a reduzir a exposição aos carcinógenos nocivos presentes na cannabis queimada. Os pacientes que necessitam utilizar a cannabis vaporizada, não são expostos a vários compostos, como o monóxido de carbono (CO).
Vaporizadores mais modernos utilizam aquecimento por convecção, onde não há contato direto entre a flor e o elemento de aquecimento. Essencialmente, isso significa que a flor é “cozida” pelo ar aquecido. Os compostos benéficos evaporam, mas o material vegetal não queima.
Como os compostos ativos da cannabis são delicados, a combustão durante a administração pode resultar na perda de mais da metade dos canabinoides e terpenos benéficos, antes da inalação.
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A vaporização tem mais vantagens porque dá aos usuários a capacidade de ajustar a temperatura para que sua experiência com a cannabis seja mais benéfica.
As temperaturas mais baixas usadas na vaporização permitem a preservação de muitos compostos benéficos. Como resultado, o vapor subsequente é muitas vezes mais potente, permitindo que os pacientes utilizem todo o potencial terapêutico presente.
A temperatura utilizada dita a intensidade do efeito medicamentoso. Quanto maior a temperatura, mais potente e mais rápido é o efeito. Isso ocorre porque os canabinoides e os terpenos têm pontos de ebulição diferentes.
Outro fator interessante é a biodisponibilidade dos canabinoides com a vaporização. A biodisponibilidade é definida como a quantidade de um medicamento, a partir de uma dose administrada, que atinge a corrente sanguínea inalterada. No que diz respeito à cannabis, a biodisponibilidade refere-se à proporção de canabinoides que são capazes de entrar no sistema circulatório com base no método de consumo.
Um estudo publicado no PLOS One (2016), analisou a biodisponibilidade dos canabinoides ao vaporizar. Os resultados do estudo determinaram que a biodisponibilidade dos canabinoides varia de 51% a 70% para o CBD, 51% a 83% para o THC, números consideravelmente bons.
Mas, como sempre, lembre-se de conversar com o seu médico sobre a melhor forma de tratamento. Cada paciente possui uma história e uma necessidade específica.
*Dra. Amanda Medeiros Dias (Crm 39.234 PR) é médica formada em 2017, com pós-graduação em pediatria e nutrologia pediátrica e, atualmente, está cursando Psiquiatria Infantil pelo CBI Miami. Possui Certificação Internacional Green Flower de Medicina Endocanabinoide. Tem experiência na prática clínica com crianças e adultos, visão integrativa olhando o paciente como um todo, possui experiência prática mesclando medicina com aromaterapia e cromoterapia, com foco na visão holística. Além de prescritora, é paciente de cannabis medicinal desde 2018. Também é diretora técnica no Instituto Coração Valente e médica voluntária em projetos da UNA (Unidos pela Amazônia).
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