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CBD e epilepsia: alternativa terapêutica segura ainda enfrenta barreiras no Brasil

by Redação

A epilepsia é um distúrbio neurológico crônico que afeta cerca de 60 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o Ministério da Saúde estima que mais de 2 milhões de brasileiros convivam com a condição, que pode impactar todas as faixas etárias, inclusive crianças. No Dia Mundial da Conscientização sobre a Epilepsia, celebrado em 26 de março, é essencial destacar um tema que ainda enfrenta resistência no país: o uso medicinal do canabidiol (CBD) como alternativa terapêutica.

Embora existam tratamentos convencionais para a epilepsia, aproximadamente 30% dos pacientes sofrem com crises frequentes, mesmo após o uso de medicamentos disponíveis no mercado. Esse é o caso da epilepsia refratária, uma condição que desafia a medicina e afeta severamente a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares.

Diante desse cenário, o CBD tem ganhado espaço como uma opção viável e eficaz, especialmente no tratamento de formas graves e resistentes da doença. Seu potencial já é reconhecido em diversos países, com pesquisas apontando sua eficácia na redução de crises epilépticas, especialmente em crianças.

Estudos de peso respaldam o uso do CBD no tratamento da epilepsia. Um artigo publicado no The New England Journal of Medicine em 2017 revelou que mais de 40% dos pacientes com Síndrome de Dravet – uma forma grave e rara de epilepsia – tiveram uma redução de pelo menos 50% nas crises após o uso do CBD. Em 2018, outro estudo da mesma revista indicou que pacientes com Síndrome de Lennox-Gastaut, outra forma severa da doença, também apresentaram redução significativa na frequência das crises.

O neurologista Dr. Luis Otavio Caboclo, especialista em epilepsia e Chief Medical Officer da Endogen, destaca que as pesquisas científicas comprovam a eficácia do canabidiol para esses casos. “Os estudos mostraram que pacientes que não respondiam a medicamentos convencionais tiveram uma redução significativa nas crises ao utilizar o CBD, o que reforça a importância desse tratamento como parte do arsenal terapêutico”, explica.

Mesmo com essas evidências, o acesso ao CBD no Brasil ainda é limitado por entraves burocráticos. A Anvisa permite a importação do produto, mas o custo elevado e a dificuldade no processo de obtenção impedem que muitas famílias consigam acesso ao tratamento. As associações de pacientes desempenham um papel fundamental na democratização do CBD, mas ainda operam sob riscos legais e incertezas regulatórias.

Desafios para o acesso e necessidade de regulação

Diferente de outros países, onde a cannabis medicinal já é regulamentada, o Brasil ainda caminha a passos lentos na ampliação do acesso ao CBD. A regulamentação restritiva obriga os pacientes a recorrerem à Justiça para garantir o direito ao tratamento, uma realidade que expõe a falha do Estado em garantir o acesso universal à saúde.

Para o Dr. Caboclo, apesar dos benefícios do CBD, seu uso deve ser supervisionado por profissionais de saúde, garantindo a melhor abordagem terapêutica para cada paciente. “O CBD não deve ser considerado uma solução isolada, mas sim uma alternativa complementar no tratamento da epilepsia de difícil controle”, afirma.

Enquanto o Brasil mantém uma postura conservadora, países como Canadá, Estados Unidos e Israel já adotam políticas mais flexíveis, permitindo que pacientes tenham acesso a derivados da cannabis sem a burocracia excessiva imposta por regulações ultrapassadas. O avanço da ciência e a crescente demanda por tratamentos eficazes indicam que o país precisa rever urgentemente suas políticas e reconhecer o direito dos pacientes ao tratamento com cannabis medicinal.

No Dia Mundial da Conscientização sobre a Epilepsia, o debate precisa ir além da doença e focar no que realmente importa: garantir qualidade de vida aos pacientes, eliminando barreiras que ainda impedem o acesso a terapias eficazes, como o CBD.

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