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Dra. descobri que meu filho está fumando maconha! E agora?

by Redação

Calma, calma! Não é o fim do mundo!

Primeiro, é preciso entender que a adolescência é uma época de descobertas e normalmente os adolescentes gostam de experimentar coisas novas: músicas, gostos, roupas, tribos, namoros e, às vezes, substâncias… Negar a existência da possibilidade de experimentação por parte dos jovens é se enganar…

Quando o tema é uso de substâncias – assim como qualquer outro assunto delicado – nada melhor do que diálogo e informações corretas. Conversar sobre o assunto de uma maneira aberta e sem julgamentos, com informações verdadeiras, é muito importante. Se informar para poder informar é fundamental. Em vez de proibir e punir tente orientar e conscientizar! Entender do que se trata, conhecer os perigos potenciais, as interações que podem ser ruins, formas de amenizar os danos, etc. são informações valiosas que podem diminuir muito os transtornos relacionados ao uso de substâncias. Mesmo que os pontos de vista sejam diferentes, atitudes punitivistas e proibicionistas apenas aumentam os riscos para os jovens.

O diálogo aberto e informações verdadeiras (sem tabus ou julgamentos morais) – ao contrário do que imagina o senso comum, de que estimularia o uso de substâncias – previne diversos problemas adicionais, como associações prejudiciais, uso de grandes quantidades e experiências desafiadoras (e potencialmente desastrosas). Não se trata de defender ou incentivar o uso de substâncias, mas de conscientizar o jovem sobre suas escolhas.

Então, diálogo e responsabilização são as palavras de ordem, por que, afinal de contas, o proibicionismo não funcionou nem no paraíso, né?!

Entender se algo se passa com esse jovem também é importante. Frequentemente as pessoas fazem uso abusivo de alguma substância na tentativa de amenizar algum tipo de sofrimento. Oferecer essa compreensão e ajuda pode evitar muita coisa.

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Em relação à Maconha, é importante orientar ao jovem de que ainda não se sabe sobre as consequências do uso abusivo dessa planta em cérebros ainda em formação – os transtornos associados ao uso abusivo de cannabis (como alterações cognitivas em longo prazo) parecem ser mais intensos e frequentes em usuários crônicos, que fazem uso de grandes quantidades diárias e que iniciaram esse uso ainda na adolescência (o Sistema Endocanabinoide tem influência direta nos processos de neurogênese).

Também é importante orientar que a qualidade da planta é muito variável e que existem diferenças importantes entre elas. Que plantas com um maior teor de THC (comuns na “maconha de rua” ou o famoso prensado) podem causar mais facilmente sintomas ansiosos e experiências desafiadoras. Orientar sobre essa possibilidade é muito importante! E, portanto, que ir devagar é fundamental! Outra informação muito importante é que, se for comer – na forma de brigadeiros, brownies, etc. – deve-se ir mais devagar ainda! Uma vez que o início da ação sob a forma oral é mais demorado e o efeito é mais duradouro. Então, esperar, no mínimo, 40 minutos para comer mais, é uma atitude muito inteligente.

A mensagem que quero deixar é a seguinte: diálogo aberto, sem tabus ou punitivismo, informações corretas, conscientização e responsabilização são as principais ferramentas para lidar com esse tipo de situação e ajudar o jovem com suas escolhas.

*Dra. Cíntia Braga é médica Psiquiatra formada pela UFSJ, residência em psiquiatria pelo HOB-BH. Estudiosa da medicina canábica e Psicodélica, pós graduação em Sexologia Clínica. Entre em contato com a doutora pelo seu perfil no Instagram.

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