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Canabidiol no tratamento da dependência de benzodiazepínicos

by contato

Segundo a World Health Organization [WHO], a pandemia do COVID 19 foi descrita como um dos maiores problemas de saúde pública internacional das últimas décadas, causando danos irreparáveis ao redor do mundo. As repercussões psicológicas desse cenário são inúmeras. Um reflexo desse cenário, se traduz em sofrimento psíquico: o agravamento dos transtornos de ansiedade, baixa qualidade de sono, transtorno de estresse pós traumático, abuso de álcool e droga ilícitas, entre outras circunstâncias, aparecem como efeitos decorrentes desse panorama.

Diante disso, estudos evidenciaram o aumento no uso indiscriminado de fármacos. Nesse contexto, restou evidente a ênfase ao maior consumo de medicamentos ansiolíticos, como os benzodiazepínicos (BZDs ): clonazepam, diazepam, alprazolam e midazolam, são alguns exemplos .

O Brasil é o país que mais consome benzodiazepínicos no mundo. Esse crescente consumo e uso abusivo são muito preocupantes porque, na maioria dos casos, esses fármacos são recomendados apenas para uso temporário e não a longo prazo.É sabido que, ainda que aliviem os sintomas da ansiedade, não tratam a raiz do problema: em outras palavras, reduzem o desconforto que a ansiedade causa, mas não tratam a causa da mesma.

O mesmo acontece com relação aos distúrbios do sono. Essa classe de medicamentos é usada como hipnótico, ou seja, induz sonolência, mas as consequências negativas são incontáveis. Por exemplo, esses fármacos podem alterar as fases do sono, promovendo um descanso não reparador, sem contar no risco de dependência e tolerância.

Um estudo de Revisão da USP-SP sobre os BZDs (2019), avaliando seu mecanismo de ação, as indicações e os efeitos colaterais, concluiu que é necessário um controle mais rigoroso quanto às indicações de uso correto desses medicamentos, com a finalidade de reduzir o uso crônico e indiscriminado. Os efeitos colaterais dos BZDs podem ser: vertigem, cansaço, diminuição de atividade psicomotora e dificuldade de concentração, hipotensão postural, amnésia, tolerância, dependência e aumenta risco de quedas, o que é muito preocupante, especialmente na população idosa.

Diante desse cenário, diversos autores propõem estratégias para reduzir o uso excessivo de BZDs e, para isso, é válido adotar outras estratégias terapêuticas, tais como: substituição por medicamentos que não causem dependência, mudanças de hábitos de vida, acompanhamento psicoterápico, medidas de redução do estresse, práticas integrativas ( como meditação, acupuntura e yoga), entre outras.

Um estudo de 2020, do Brazilian Journal, sobre o Canabidiol (CBD), concluiu que a utilização terapêutica do CBD possui um perfil de segurança adequado, boa tolerabilidade e resultados positivos, possibilitando seu uso na prática clínica. Alem disso, estudos in vivo e in vitro utilizando o Canabidiol, não apresentaram efeitos colaterais e tóxicos, quando comparados com os ansiolíticos.Ainda sobre esses artigos de revisão, foi evidenciado que o CBD atua reduzindo a ansiedade, tendo portanto um efeito ansiolítico, sem apresentar efeitos psicoativos e sem prejuízos cognitivos.

Diante disso, há evidências de que o canabidiol, possa ser terapia alternativa para o controle da ansiedade, aliado à outras ferramentas terapêuticas. Ainda, é fundamental destacar a necessidade de avaliação médica para diagnóstico adequado, além de verificar possíveis interações medicamentosas e a eventual existência de contraindicações ao uso do Canabidiol. Por fim, é igualmente importante enfatizar que o tratamento “padrão ouro”, indicado para o manejo da ansiedade é a psicoterapia.

Referência: -Brazilian Journal of Development v. 6, n. 7 – jul 2020 – Benzodiazepínicos: revendo o uso para o desuso. Revista de Medicina. v.98 n.6 – nov. 2019


* Dra. Andréa Toledo, médica pela Universidade Federal de Uberlândia, especialização em psiquiatria pelo Hospital Sirio Libanês. Atua no programa de estilo de vida, Programa Leve; e saúde mental Integrativa. 

*Dr. João Paulo Severo da Costa, psicanalista e diretor do programa estilo de vida: Programa Leve.

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