Levantamento com consumidores nos EUA sugere mudança de percepção sobre o uso de maconha no ambiente profissional
Uma pesquisa realizada pela plataforma de telemedicina NuggMD revelou que mais da metade dos consumidores de cannabis acreditam que o uso da planta teve um impacto positivo em suas carreiras profissionais. A enquete, conduzida entre os dias 3 e 20 de julho com 493 entrevistados, apontou que 54% consideram que a maconha contribuiu positivamente para suas vidas profissionais, sendo que 28% classificaram o impacto como “muito positivo”.
Por outro lado, apenas 10% relataram efeitos negativos, enquanto 36% afirmaram que o uso de cannabis não teve qualquer influência em sua trajetória de trabalho.
Os dados desafiam o discurso ainda comum em setores mais conservadores de que a legalização da maconha traria prejuízos ao ambiente de trabalho. “Proibicionistas ainda tentam vender a ficção de que o acesso à cannabis causa desmotivação no trabalho”, comentou Andrew Graham, diretor de comunicação da NuggMD. “Esse levantamento não mostra exatamente o contrário, mas aponta nessa direção”, afirmou ao site Marijuana Moment.
Ele defende que empresas preocupadas com o bem-estar de seus colaboradores deveriam repensar suas abordagens sobre o uso de cannabis, especialmente fora do expediente.
Embora o estudo da NuggMD seja baseado na percepção subjetiva de usuários, ele reforça uma tendência observada em pesquisas recentes. Um estudo publicado em 2021, com apoio parcial do governo federal dos EUA, mostrou que a legalização para uso adulto está associada a aumento na produtividade e redução de acidentes de trabalho.
Outro estudo, de 2023, concluiu que trabalhadores que usam maconha fora do expediente não estão mais propensos a sofrer acidentes em comparação com aqueles que não consomem a planta. Os autores argumentam que políticas de tolerância zero no ambiente corporativo são “excessivamente amplas” e pouco eficazes.
Já uma análise sobre os impactos da legalização nos pedidos de indenização trabalhista apontou que, embora tenha havido um aumento gradual no número de solicitações, o custo médio por pedido caiu — assim como o uso de medicamentos prescritos, especialmente opioides e analgésicos.
Dados levantados pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) também mostraram que trabalhadores dos setores de hospitalidade, entretenimento, artes, esportes e construção civil estão entre os que mais relatam o uso de cannabis. Já profissionais da saúde, educação e segurança pública aparecem entre os que menos consomem.
O conjunto dessas informações reforça a urgência de atualizar a visão institucional sobre o uso de cannabis entre trabalhadores, especialmente à luz do avanço das regulações e do crescente interesse por abordagens mais humanizadas de saúde e bem-estar.
