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Estudo indica que dose única de psilocibina reduz sintomas do TOC de forma rápida e segura

by Redação

Pesquisa conduzida por universidades britânicas aponta efeito terapêutico de curta duração com potencial para novas abordagens clínicas

Um estudo clínico conduzido por pesquisadores da University of Hertfordshire e do Imperial College London trouxe novas evidências sobre o potencial terapêutico da psilocibina, substância psicodélica presente em cogumelos do gênero Psilocybe, no tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). A pesquisa, publicada na revista Comprehensive Psychiatry, revelou que uma única dose do composto foi capaz de promover alívio estatisticamente significativo dos sintomas em pacientes diagnosticados, sem eventos adversos graves.

O estudo envolveu 19 participantes com TOC. Cada um recebeu duas doses orais de psilocibina com quatro semanas de intervalo: uma dose inicial de 1 mg e uma segunda de 10 mg. Ambas mostraram efeitos positivos, mas a dose mais alta demonstrou ser particularmente eficaz e bem tolerada.

Psilocibina produziu uma melhora de início rápido, com efeito moderado a grande sobre os sintomas obsessivo-compulsivos, durando até uma semana após a administração, descrevem os autores.

Os efeitos terapêuticos começaram a diminuir após cerca de duas semanas, o que levou os pesquisadores a concluírem que a substância tem ação de curta duração, mas rápida e relevante do ponto de vista clínico, o que a torna uma candidata promissora para protocolos de uso controlado.

Outro dado importante do estudo é o elevado número de interessados em participar da pesquisa, evidência do crescente interesse da comunidade de pessoas com TOC por terapias psicodélicas.

Apesar dos resultados animadores, os cientistas ressaltam que o número reduzido de participantes é uma limitação, e destacam a necessidade de novos estudos com grupos maiores, uso de placebo e protocolos mais longos para análise de segurança e eficácia em longo prazo.

A ausência de efeitos adversos relevantes segue a tendência observada em outras pesquisas recentes. Uma revisão da Associação Médica Americana (AMA) apontou que o uso isolado de psilocibina não está associado a episódios de paranoia e que efeitos colaterais como dor de cabeça são geralmente toleráveis e autolimitados.

Nos últimos meses, outros estudos também reforçaram o potencial da substância em diferentes contextos da saúde mental. Uma pesquisa publicada pela própria AMA em dezembro de 2024 apontou segurança e eficácia no uso da psilocibina associada à psicoterapia para pacientes com transtorno bipolar tipo II, enquanto outra investigação revelou reduções clinicamente significativas em sintomas de depressão maior após uma única dose.

Os resultados ampliam o debate sobre a regulação dos psicodélicos em contextos clínicos, especialmente em países como o Brasil, onde o avanço das terapias com cannabis medicinal vem abrindo espaço para novas abordagens baseadas em evidências científicas.

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