Enquanto o uso terapêutico da cannabis segue sendo um tema controverso na Índia, pesquisadores da Amrita School of Ayurveda concluíram um estudo de dois anos que destaca o potencial da cannabis como uma solução eficaz e sustentável para o tratamento da dismenorreia (cólicas menstruais). A pesquisa utilizou o Formulation Femme, uma formulação poli-herbal desenvolvida pela empresa HempStreet, que tem a cannabis medicinal como principal componente, juntamente com sílica de bambu e ashwagandha.
“Trata-se de uma colaboração entre a indústria e a universidade, e os resultados preliminares são bastante promissores. Com a conclusão do estudo piloto, agora podemos avançar para pesquisas mais amplas e ajustes antes do lançamento no mercado. É uma tentativa pioneira, e o próximo passo incluirá estudos controlados em maior escala para reunir evidências definitivas”, explicou o Dr. P. Rammanohar, diretor do Amrita Centre for Advanced Research in Ayurveda (ACARA), da School of Ayurveda.
O Formulation Femme não possui efeitos psicotrópicos, já que cada dose contém apenas quantidades residuais de THC, o composto psicoativo da cannabis. Dos 300 voluntários avaliados, 26 foram selecionados para o estudo. “As pacientes relataram uma redução significativa na intensidade da dor, sem a necessidade de outros analgésicos durante o período do tratamento. Algumas, inclusive, relataram alívio prolongado mesmo após a interrupção da medicação. Aprendemos que a dosagem precisa ser ajustada de acordo com a condição individual de cada paciente”, destacou o Dr. Rammanohar.
Antes do início dos testes clínicos, o Formulation Femme foi testado quanto à segurança em estudos com animais. Nem todas as plantas de cannabis produzem THC em níveis suficientes para causar efeitos psicotrópicos. Além da dor crônica, a dismenorreia provoca uma série de outros sintomas que afetam a funcionalidade diária e a qualidade de vida das mulheres.
“Mulheres com dismenorreia enfrentam muitos desafios devido ao uso excessivo de analgésicos, começando a utilizá-los desde muito jovens, o que é preocupante. De acordo com nossos estudos de fase um, a cannabis medicinal tem um potencial enorme no manejo da dismenorreia. Na próxima etapa da pesquisa, realizaremos um estudo comparativo administrando o Formulation Femme a um grupo e analgésicos comuns a outro, para obter provas conclusivas”, concluiu o Dr. Rammanohar.