Muitas pessoas que passam pelo estádio do Volta Redonda, no Rio de Janeiro, não sabe que debaixo das arquibancadas fica os consultórios da rede pública. Um deles oferece atendimento médico e óleos de cannabis caso o paciente necessite de um remédio diferenciado.
“Esses pacientes faziam rifas, os amigos ajudavam, os parentes ajudavam a adquirir o medicamento que o custo é extremamente alto”, diz Juliana Boechat, farmacêutica.
Hoje o remédio é importado e de graça. Richard, que conversou com a reportagem, recebe o óleo em casa. A mãe, Gilcéia, já não sabia como cuidar do rapaz com microcefalia. “Ele não falava, não andava… Agora tá aprontando tudo e mais um pouco”, contou.
A fisioterapeuta Maria Eliane Pinheiro também compartilhou a experiência de seu filho. “Na parte cerebral é fantástico o resultado. A gente percebe nas primeiras doses o olhar deles. Eles começam a ver a gente. O meu filho não me olhava nos olhos e hoje ele me vê”, afirmou.
Saiba mais sobre o projeto da Prefeitura
Há um ano são atendidos no espaço 319 pacientes com epilepsia, espectro autista, Alzheimer e outras doenças. Uma lei municipal facilitou a implantação do atendimento, além de uma parceria com uma universidade local.
A comerciante Rose tem epilepsia. E se machucava durante as convulsões, que ocorriam até duas vezes por dia. No local, ela conheceu o doutor Edilberto Fernandes de Miranda é um dos médicos da clínica.
“O que me marca, assim, no tratamento da Rose é isso aí, porque ela não conseguia sair de casa sozinha, ela tinha medo de dar crises na rua, de sair, de cair.”
Edilberto ressalta que a Rose toma canabidiol junto com a medicação anticonvulsivante.”O canabidiol, o óleo da cannabis, não é um milagre. Não é a cura de uma doença. Ele vem nos auxiliar. Ele é um coadjuvante de um tratamento total”, disse.
Acesso ao tratamento
Inicialmente estão sendo atendidos pelo produto à base de canabidiol pacientes que sofrem de epilepsia refratária, Transtorno do Espectro Autista (TEA), doença de Parkinson, Alzheimer, dor crônica, esclerose múltipla, distúrbios do sono, acompanhados nos serviços especializados na rede pública.
A prioridade é para aqueles que não respondem aos tratamentos convencionais e que tenham indicação médica para o medicamento. Esses pacientes serão acompanhados por professores da área da saúde do UniFOA (Centro Universitário de Volta Redonda), principalmente de Medicina. O objetivo é acompanhar a evolução com uso do medicamento.
Esses pacientes devem procurar atendimento na Policlínica da Cidadania, no segundo andar do estádio Raulino de Oliveira, na Comissão de Farmácia e Saúde. O setor funciona às terças, quartas e quintas-feiras, das 13h às 17h. Ou ainda na Unidade Básica de Saúde (UBS) ou de Saúde da Família (UBSF) mais próxima da residência.
Fonte: Globo Repórter
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