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Relatório destaca ganhos positivos com o cânhamos na moda

Documento analisa ônus e bônus da produção do cânhamo

by contato

Continuando os esforços de ampliar a quantidade de informações disponíveis sobre questões de sustentabilidade na indústria da moda, o Instituto Modefica acaba de lançar o relatório Fibras Alternativas: Cânhamo. O material dá sequência à pesquisa Fios da Moda: Perspectivas Sistêmicas Para Circularidade, lançada em 2021. Mais enxuto, direto e visualmente atraente, o relatório reúne pesquisas acadêmicas e setoriais acerca dos impactos ambientais da produção de cânhamo, como ela acontece hoje no mundo, bem como entrevistas com especialistas europeus e da América Latina com objetivo de fornecer uma visão sistêmica sobre a produção da fibra, os principais desafios para sua implementação em larga escala na indústria têxtil e as perdas e ganhos ambientais quando comparado à produção do algodão.

O relatório, que conta com apresentação de Fernanda Simon (Diretora do Instituto Fashion Revolution) e posfácio de Eduarda Bastian (da Associação Brasileira do Cânhamo Têxtil), destaca, porém, que é preciso atualização de tecnologia em determinadas etapas de produção. Como o cânhamo foi proibido há muitas décadas, é preciso atualizar determinados maquinários e tecnologias para diminuir ônus ambientais bastante significativos na fase de processamento da fibra. Francesco Mirizzi, conselheiro de políticas sênior da European Industrial Hemp Association, afirma que o problema ambiental com a maceração – e os processos de degomagem – devem ser vencidos com alternativas mecânicas e metodológicas já em desenvolvimento, como no caso da utilização de fungos.

O especialista também aponta que o processo de maceração feito em água com alto impacto ambiental é característico dos anos 50 e 60 e que, atualmente, o mesmo processo pode ser feito em ambiente controlado, longe do espaço aberto do campo, onde está suscetível à chuva e umidade. “Há muitas tecnologias surgindo, acredito que o mais importante de reter é que o cânhamo pode ser uma solução e pode ser sustentável”, enfatiza, “não é sustentável em si, é sustentável se for gerenciado de forma sustentável”.

Nesse sentido, a legalização da produção da Cannabis será um passo importante para que o setor se sinta motivado a investir em processos produtivos de menor impacto. Tal movimento também é necessário para incentivar a produção local – atualmente, o cânhamo é produzido em volumes significativos na China, França e Turquia e exportado para o mundo. Retomar a produção regional ou local é essencial para reduzir impactos do modelo de produção globalizado.

Para Marina Colerato, Diretora Presidente do Instituto Modefica, é preciso lançar luz às alternativas existentes, sobretudo em se tratando de alternativas cuja capacidade de contribuir para redução dos gases de efeito estufa em atmosfera é significativa, como é o caso do cânhamo. “Estamos vivendo uma emergência climática, mas não avançamos nas ações de redução de emissão e mitigação e a indústria da moda tem um papel importante nesse processo. Embora suas emissões somem as da França, Reino Unido e Alemanha, o setor continua sem metas ambiciosas e parte do problema está na sua dependência de um modelo de produção agrícola ultrapassado, como são as culturas de algodão e eucalipto em larga escala”, ressalta.

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Dados em destaque

– trocar o algodão pelo cânhamo pode promover drástica redução no uso de herbicidas, fertilizantes e agrotóxicos no geral;
– alto potencial de sequestro de CO2 por hectare: enquanto a produção de algodão sequestra até 1,5 toneladas de CO₂ por hectare, o cânhamo pode sequestrar 1,62 toneladas de CO₂. Outras literaturas apontam para até 8-15 toneladas sequestradas por hectare;
– maior produção média por hectare: enquanto a produção do algodão gira em torno de 4t/ha, a de cânhamo fica em torno de 10/ha;
– quando comparado ao algodão, a fibra possui maior adaptabilidade climática e de solo.

“A vontade de produzir mais uma pesquisa sobre têxteis está ligada à urgência da transformação que precisamos fazer acontecer na próxima década se quisermos garantir condições de vida minimamente estáveis na Terra frente a um cenário climático em profunda transformação”, ressalta Marina Colerato, coordenadora do projeto.

Sobre o Modefica

O Modefica é uma organização de mídia, pesquisa e educação que atua por justiça socioambiental e climática com uma perspectiva ecofeminista. Procuramos fazer do jornalismo, da pesquisa e da educação ferramentas de transformação, colaborando com as causas sociais e ajudando a construir uma narrativa de responsabilização de autoridades públicas e privadas. Nossa missão é aumentar a percepção sistêmica sobre os problemas socioambientais para promover relações de equidade e justiça entre seres humanos, não-humanos e Natureza. Acesse o site www.modefica.com.br e confira mais sobre o projeto.

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