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O Japão deve aprovar o uso de medicamentos à base de cannabis, abrindo caminho para uma possível revisão de leis rígidas sobre drogas. Mas essa mudança não afetaria a política de “tolerância zero” do Japão sobre o uso recreativo da planta. As leis contra a cannabis são particularmente rígidas no Japão, onde estrelas internacionais foram atingidas – incluindo o ex-Beatle Paul McCartney, que passou nove dias na prisão em 1980 depois que encontraram maconha em sua bagagem. Mas o governo vem discutindo há vários meses a possível aprovação de medicamentos derivados da cannabis, o que muitos países já fizeram para tratar certas doenças, como casos graves de epilepsia.
Recentemente o grupo de especialistas do Ministério da Saúde do Japão recomendou que o governo revise a legislação para permitir a importação e fabricação de medicamentos que utilizam componentes da cannabis. Mas também pediu que os textos sejam revisados para deixar claro que o uso recreativo da cannabis é um crime grave. Isso preencheria uma brecha no Japão que torna o uso da cannabis tecnicamente legal, embora a posse de seus brotos, folhas e raízes seja punível com cinco anos de prisão ou até sete no caso de venda com fins lucrativos.
Esse paradoxo decorre de uma medida de longa data para impedir que agricultores sejam presos por inalar fumaça psicoativa ao cultivar cânhamo para fabricar cordas. As recomendações do grupo de especialistas chegam em um momento em que os produtos que contêm canabidiol (CBD), a molécula não psicotrópica da cannabis, também estão ganhando popularidade no Japão. Durante uma reunião do Ministério da Saúde também foi solicitado que a atual proibição geral das plantas de cannabis seja substituída pela proibição do THC, sua principal molécula psicoativa.
Isso garantiria que a indústria emergente do CBD não fosse restrita, disse um funcionário do Ministério da Saúde à AFP, observando que “o CBD é legal e é usado em suplementos alimentares e cosméticos”. Essas recomendações serão analisadas pelo governo e as alterações legislativas só poderão ser feitas após a apresentação de um projeto de lei e sua aprovação pelo Parlamento.
Fonte: AFP
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