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Fumar é o método mais comum de uso de cannabis durante a gravidez

by Redação

Um estudo recente publicado no Drug and Alcohol Dependence revelou que cerca de 71% das pessoas que utilizam cannabis durante a gravidez preferem fumá-la, enquanto um terço opta por versões comestíveis. A pesquisa, conduzida entre 2021 e 2022, também apontou que 29,9% das participantes relataram usar múltiplas formas da substância.

O estudo é parte de uma iniciativa maior para compreender o uso de cannabis durante a gravidez e seus possíveis riscos à saúde. Diretrizes médicas atuais recomendam evitar o consumo da substância nesse período devido às evidências de que pode aumentar os riscos de problemas de saúde para mãe e bebê.

“Compreender como os pacientes utilizam cannabis durante a gravidez permite aos médicos oferecer orientações mais personalizadas, ajudando a promover uma gravidez mais saudável e segura”, afirmou Kelly Young-Wolff, PhD, MPH, pesquisadora e psicóloga clínica da Kaiser Permanente Division of Research.

A pesquisa analisou 3.454 pessoas grávidas que relataram o uso de cannabis no início da gestação durante triagens universais realizadas como parte do atendimento pré-natal padrão. Esses casos representaram 3,9% de todas as gestações estudadas. Os participantes especificaram os métodos de consumo, e os resultados foram:

  • Fumar: 71%
  • Comestíveis: 32,6%
  • Vaporizadores: 22,2%
  • Dabs (extratos concentrados): 9,9%
  • Tópicos: 4,6%
  • Uso de múltiplos métodos: 29,9%

Riscos associados aos métodos de consumo

Segundo Young-Wolff, os riscos para a saúde variam conforme o método de uso. “Fumar cannabis apresenta riscos significativos devido à exposição ao monóxido de carbono e a subprodutos nocivos da fumaça. Vaporizadores podem ter efeitos similares, mas distintos. Produtos comestíveis possuem riscos próprios, como o atraso no início dos efeitos do THC, o que pode levar ao consumo excessivo. O dabbing, por sua vez, pode ser o mais arriscado, com mais da metade dos usuários relatando consumo diário durante o início da gravidez”, explicou.

Young-Wolff destacou que os riscos relativos dos diferentes métodos de consumo durante a gravidez ainda são pouco compreendidos e que essa lacuna deve ser prioritariamente abordada em estudos futuros.

O estudo também analisou fatores sociodemográficos associados ao uso de cannabis, ressaltando a importância de compreender como esses fatores podem impactar os resultados de saúde. Fumar cannabis foi mais comum entre:

  • Jovens adultas;
  • Pacientes negras;
  • Moradoras de bairros economicamente desfavorecidos.

Por outro lado, o uso de comestíveis foi menos frequente nesses grupos, enquanto vaporizadores e dabbing foram mais comuns entre pacientes hispânicas e menos prevalentes entre pacientes negras.

“Para entender e reduzir as disparidades no uso de cannabis durante a gravidez, é fundamental compreender as pessoas e seus ambientes”, afirmou Qiana L. Brown, PhD, MPH, LCSW, professora assistente da Rutgers University School of Social Work.

Brown também destacou o impacto negativo das leis de notificação obrigatória em alguns estados, que exigem que profissionais de saúde relatem o uso de substâncias durante a gravidez para agências de proteção à criança. “As pessoas grávidas precisam sentir segurança para divulgar o uso de cannabis aos seus médicos, sem medo de ações punitivas. Ao priorizarmos o tratamento em vez do castigo, podemos atender melhor às necessidades dessas pessoas e reduzir desigualdades”, afirmou.

O estudo foi financiado pelo National Institute on Drug Abuse e contou com a participação de pesquisadores da Kaiser Permanente Division of Research, do Public Health Institute e da Stanford University. Entre os coautores estavam Catherine A. Cortez, MPH; Joshua R. Nugent, PhD; Sara R. Adams, MPH; Natalie E. Slama, MPH; Monique B. Does, MPH; Cynthia I. Campbell, PhD; Deborah Ansley, MD; Carley Castellanos, LMFT; Alisa A. Padon, PhD; Aurash J. Soroosh, MSPH; e Judith J. Prochaska, PhD, MPH.

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