Relatório entregue na UEM revela barreiras econômicas e estruturais enfrentadas por pacientes e propõe soluções para o SUS municipal
Um estudo inédito realizado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), em parceria com a Associação Semear – voltada à terapia e harmonia canábica – trouxe à tona um panorama detalhado sobre os desafios enfrentados por pacientes que fazem uso de cannabis medicinal no município de Maringá, no Paraná. O relatório foi oficialmente apresentado na última quinta-feira (25), durante cerimônia no auditório do Conselho Universitário da UEM.
Intitulado “Mapeamento de demanda para acesso à cannabis medicinal em Maringá: subsídios para elaboração de política pública municipal de saúde”, o projeto é fruto da articulação entre o Núcleo de Pesquisas em Participação Política (Nuppol/UEM) e a Semear. O objetivo é claro: promover políticas públicas que garantam o acesso democrático e gratuito à cannabis medicinal por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
O levantamento aponta que apenas 14% dos usuários de cannabis medicinal na cidade recebem algum tipo de acompanhamento pelo SUS. Além disso, 70% não conseguem manter o tratamento de forma contínua por conta do alto custo dos produtos, e 48% utilizam os derivados da planta para tratar transtornos de saúde mental.
Para Camila Laver, representante da Semear, os dados confirmam a urgência de uma regulamentação mais eficaz no âmbito municipal:
“Com a regulação adequada, o município pode inclusive reduzir gastos com outros medicamentos.”
A cerimônia de entrega do relatório contou com a presença de representantes do poder público, de conselhos municipais, da comunidade acadêmica e de organizações da sociedade civil. O reitor da UEM reforçou o papel da universidade como agente de transformação social:
“A universidade precisa quebrar barreiras e apresentar instrumentos que promovam políticas públicas em prol daqueles que mais precisam”, declarou.
Já o pró-reitor Rafael da Silva destacou o compromisso da instituição com a sociedade:
“Não há como pensar em extensão universitária sem diálogo com as demandas sociais e sem articulação com o poder público.”
Éder Gimenes, coordenador do projeto, frisou a importância do caráter interdisciplinar da pesquisa:
“Projetos como este conectam ensino, pesquisa e extensão com a realidade da população.”
Agora, com o relatório em mãos, o próximo passo é ampliar a divulgação dos dados e formalizar as propostas junto ao poder público de Maringá. A expectativa é que o estudo sirva como base para a criação de uma política municipal de saúde voltada ao uso terapêutico da cannabis, garantindo acesso seguro, contínuo e gratuito à medicação.