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Entendimento do Supremo sobre porte de cannabis começa a ser aplicado na prática

by Redação

Decisão do STF descriminaliza a posse de maconha para uso pessoal, redefinindo abordagens jurídicas e sociais no Brasil

O recente julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) no Recurso Extraordinário 635659 trouxe mudanças significativas para o tratamento jurídico do porte de maconha para uso pessoal no Brasil. A decisão determinou que a conduta descrita no artigo 28 da Lei 11.343/06 não configura mais crime, sendo tratada como infração administrativa, sem implicações criminais.

A aplicação dessa decisão já começou a ser vista no Ceará. Um exemplo disso é o caso de G.P.B., em Fortaleza, condenado por posse de um cigarro de maconha. Inicialmente, ele foi sentenciado a cumprir uma medida socioeducativa de comparecimento a um curso educativo. Contudo, com o novo entendimento do STF, a Defensoria Pública solicitou a revisão da sentença, e o caso foi arquivado pela juíza Danielle Pontes de Arruda Pinheiro, da Vara de Execução de Penas e Medidas Alternativas.

De acordo com o defensor público Bheron Rocha, a decisão do STF constitui um marco, configurando a “abolitio criminis”, ou seja, a descriminalização da posse de maconha para uso pessoal em quantidades inferiores a 40 gramas. Apesar disso, a infração continuará a ser tratada no âmbito administrativo, com possíveis sanções educativas e preventivas.

A mudança no enquadramento da posse de maconha reflete uma reinterpretação das normas penais, alinhando-as aos novos entendimentos sociais e jurídicos. Essa decisão também reforça o papel do STF como mediador de demandas sociais contemporâneas.

“Essa descriminalização é um avanço significativo na garantia de direitos, especialmente para evitar a criminalização desproporcional de usuários, que muitas vezes sofriam consequências legais severas por condutas de baixo potencial ofensivo”, afirma o defensor público.

Ainda que a decisão represente um passo importante na reformulação da política de drogas no Brasil, ela também levanta debates sobre os limites e a aplicação prática dessa descriminalização. O Supremo, ao delimitar a descriminalização a quantidades específicas, busca estabelecer critérios claros para diferenciar usuários de traficantes, evitando interpretações divergentes.

A decisão do STF, além de redefinir a abordagem judicial, pode impulsionar debates mais amplos sobre políticas públicas relacionadas às drogas, promovendo um modelo focado em prevenção e educação, em vez de punição criminal.

Essa mudança pode representar o início de uma transformação mais ampla na forma como o Brasil lida com a questão das drogas, trazendo consequências significativas para o sistema jurídico e a sociedade como um todo.

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