O curta-metragem “Cannabis medicinal no Brasil: a guerra pelo acesso” é uma reflexão poderosa sobre a difícil realidade enfrentada por pacientes do nordeste brasileiro que recorrem à cannabis como alternativa para melhorar sua saúde e qualidade de vida.
Com roteiro de Rhute Tertuliano e Diego Melo, o documentário é uma produção participativa e reflexiva, que traz à tona histórias e experiências de pessoas que enfrentam desafios diários em busca de tratamento.
Conforme Rhute a motivação por trás do documentário surgiu com a angústia e agonia que permearam sua infância, marcada pela perda de um amigo vítima de um crime.
“Cresci acreditando que a maconha fazia isso com as pessoas: matava. Tudo mentira dos outros, tudo preconceito. Quando entendi que a cannabis é uma planta que trata, cura e ajuda as pessoas, comecei a pesquisar sobre o que de fato fazia os jovens serem mortos ou presos por causa do tráfico de drogas e comecei tentar entender o que a maconha tinha a ver com isso.”
Seleção de histórias e personagens
Cada história apresentada no documentário é como um fio que se entrelaça, não apenas pelo uso da cannabis como remédio, mas pela busca por uma escuta ativa e acolhedora.
Segundo Rhute desde as mães independentes, pioneiras na luta pelo acesso ao autocultivo em Recife, e a farmacêutica que tratou sua mãe com cannabis na associação Abrace, todas desempenham papeis fundamentais nessa jornada, lutando não apenas por si mesmas, mas por uma causa maior que impacta Pernambuco e Paraíba.
A diretora e roteirista conta que condensar em um curta-metragem temas complexos como o uso do óleo, o autocultivo, a mortalidade da juventude negra e o preconceito em torno da cannabis exigiu um equilíbrio delicado para garantir que todas as questões importantes fossem abordadas.
“A principal mensagem que espero transmitir é a verdade sobre a cannabis: ela não é uma vilã que mata, mas sim uma aliada que salva, cura e transforma vidas. Além disso, quero destacar a importância do autocultivo como forma de reparação histórica ao povo preto e ao povo periférico, especialmente aqueles impactados pela Guerra às Drogas.”
Por fim, Rhute espera que o documentário sirva como uma ferramenta educacional e de conscientização, dissipando o preconceito e as falsas informações que cercam a cannabis.
“Desejamos que o filme sirva para contribuir com a educação e formação de consciência na sociedade, tendo em vista que este assunto ainda é um grande tabu, atrasado pelo preconceito e notícias falsas. Esperamos promover um diálogo libertador e acessível para todas as camadas da população, trazendo compreensão sobre a variedade de pautas que envolvem a cannabis.”
Não deixe de conferir
Após estrear a mostra competitiva do Cine PE há três anos, o documentário agora está disponível para o mundo. Você pode encontrar o documentário no canal do YouTube @cafecomchafilms. Assista, compartilhe com seus amigos e familiares e junte-se uma conversa importante sobre saúde, qualidade de vida e justiça social.
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