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Alemanha bate recorde de importação de cannabis medicinal, mas mudanças na lei podem prejudicar pacientes

by Redação

O mercado de cannabis medicinal da Alemanha segue em expansão acelerada. No segundo trimestre de 2025, o país importou 43,3 toneladas de flores de cannabis, um aumento de 15% em relação aos três primeiros meses do ano. É o maior volume já registrado, segundo dados do Instituto Federal de Medicamentos e Dispositivos Médicos (BfArM).

O Canadá continua liderando como principal fornecedor, com mais de 20 toneladas enviadas no período — quase metade do total. Portugal também ganhou destaque, exportando 13,5 toneladas, e se consolidando como um importante ponto de processamento de cannabis antes de chegar ao mercado alemão. Houve ainda crescimento nas importações vindas da África (especialmente África do Sul e Lesoto) e do Leste Europeu.

Apesar desse crescimento, o futuro do setor pode mudar drasticamente. O governo alemão quer restringir a emissão de receitas médicas via telemedicina, alegando risco de abuso no sistema. Entre as propostas estão a exigência de consultas presenciais e a proibição do envio de cannabis diretamente para a casa do paciente, obrigando a retirada em farmácias.

Associações do setor alertam que essas mudanças podem criar barreiras para pacientes legítimos, especialmente os que vivem em áreas rurais, onde farmácias autorizadas são raras. Um levantamento da Bloomwell Group mostra que quase metade dos pacientes mora a mais de 10 km de uma farmácia que dispense cannabis — e que, se perderem o acesso via entrega, muitos podem acabar recorrendo ao mercado ilegal.

A Associação Alemã da Indústria de Cannabis (BvCW) apoia o combate a prescrições fraudulentas, mas critica medidas que prejudiquem o acesso de quem realmente precisa. Já o sindicato nacional de farmacêuticos concorda com o fim da entrega a domicílio, mas pede que o governo garanta controle de preços para evitar desigualdades no custo do tratamento.

A proposta ainda passará por ajustes, e partidos da coalizão de governo já indicaram que não apoiarão mudanças que ameacem a segurança e o acesso dos pacientes sem provas concretas de abuso.

A situação na Alemanha mostra como, mesmo em países com mercados maduros e regulamentados, medidas restritivas mal planejadas podem empurrar pacientes de volta para o mercado clandestino — um risco que o Brasil também enfrenta ao manter políticas que dificultam o acesso seguro e acessível à cannabis medicinal.

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