Com 12 andares, uma vista deslumbrante da imponente Table Mountain da Cidade do Cabo e uma pegada ecológica, o edifício mais alto do mundo feito com cânhamo industrial abrirá suas portas neste mês na África do Sul. Trabalhadores no centro da Cidade do Cabo estão dando os últimos retoques no Hemp Hotel, de 54 quartos.
Blocos de “hempcrete” derivados da cannabis foram usados para preencher as paredes do edifício, sustentados por uma estrutura de concreto e cimento. Os tijolos de cânhamo estão se tornando cada vez mais populares no mundo da construção, graças às suas propriedades isolantes, resistentes ao fogo e ecológicas.
Entenda melhor
Usados principalmente na Europa para renovação térmica de edifícios existentes, os blocos são negativos em carbono – o que significa que sua produção suga mais gases que aquecem o planeta da atmosfera do que introduz. “A planta absorve o carbono, é colocado em um bloco e armazenado em um prédio por 50 anos ou mais”, explica Boshoff Muller, diretor da Afrimat Hemp, uma subsidiária do grupo de construção sul-africano Afrimat, que produziu os tijolos para o hotel.
“O que você vê aqui é um saco inteiro cheio de carbono, literalmente”, diz Muller enquanto acaricia um saco de palha em uma fábrica de tijolos nos arredores da Cidade do Cabo, onde cânhamo, água e cal são misturados para fazer o blocos.
O cânhamo industrial usado no Hemp Hotel teve que ser importado da Grã-Bretanha, já que a África do Sul proibiu a produção local até o ano passado, quando o governo começou a emitir licenças de cultivo. O presidente Cyril Ramaphosa fez do desenvolvimento do setor de cânhamo e cannabis do país uma prioridade econômica, dizendo que poderia criar mais de 130.000 empregos.
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Créditos de carbono
A Afrimat Hemp prepara-se agora para produzir os seus primeiros blocos feitos apenas com cânhamo sul-africano. O arquiteto do Hemp Hotel, Wolf Wolf, 52, vê isso como uma virada de jogo para tornar os edifícios de cânhamo mais difundidos neste canto do mundo. “Não deve ser apenas um produto de alta qualidade”, diz Wolf, cuja empresa está envolvida em vários projetos de habitação social na África do Sul e no vizinho Moçambique.
No entanto, o custo continua sendo um problema. “O cânhamo é 20% mais caro para construir” em comparação com os materiais convencionais, diz o consultor de carbono da Afrimat Hemp, Wihan Bekker.Mas enquanto o mundo corre para reduzir as emissões de carbono, a empresa vê “enormes oportunidades” para seus tijolos verdes, diz Bekker.
Os créditos de carbono – licenças normalmente relacionadas ao plantio de árvores para proteger as florestas tropicais que as empresas compram para compensar suas emissões – podem ajudar a tornar os blocos de concreto de cânhamo mais financeiramente palatáveis, diz ele.
“Podemos financiar florestas ou podemos financiar alguém para morar em uma casa de cânhamo. É o mesmo princípio”, diz Bekker. A pegada de carbono de uma casa de 40 metros quadrados (430 pés quadrados) construída com cânhamo é três toneladas de CO2 menor do que a de um edifício convencional, de acordo com a Afrimat Hemp.
Fonte AFP
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