O sistema endocanabinoideestá presente nos animais domésticos e podemos usar o CBD e combinações deste com THC para o tratamento de enfermidades. Doses vem sendo descritas, embora a titulação para cada paciente de forma individual seja a forma mais adequada de prescrição.
Não há duvidas de que o acompanhamento por um veterinário habilitado é indispensável, o qual deve estabelecer o objetivo da prescrição, sua dose e determinar o estado geral do paciente e eventuais comorbidades que possam interferir na terapêutica. Cabe a ele também acompanhar junto ao tutor as respostas comportamentais e fisiológicas apresentadas pelo animal, através de anamnese, questionários, escalas de dor, exames físicos e laboratoriais.
Atenção especial deve ser dada a pacientes com alterações hepáticas, pois já se observou um aumento de ALT (enzima alanina aminotransferase), com a administração de CBD nos cães, o que se deve provavelmente a indução de um metabolismo oxidativo mediado pelo citocromo p450, o qual também já foi relatado em exposições prolongadas a cannabis. Estes pacientes requerem um ajuste de dose mais preciso, e um acompanhamento mais frequente, muitas vezes necessitando de um tratamento de suporte ao fígado juntamente com a administração do canabidiol.
As reações adversas reportadas mais frequentemente são, elevação de enzimas hepáticas, alterações gastrointestinais (vômito, salivação excessiva),inquietação, ataxia, depressão, andar compulsivo, vocalização, pupilas dilatadas, olhos congestos, sensibilidade ao som e a luminosidade, micção em locais errados, taquicardia ou bradicardia e hipotermia.
São normalmente relacionadas a dose administrada e desaparecem em algumas horas após a interrupção desta, e podem ser evitadas com a diminuição da dose e titulação. Produtos com maior quantidade de THC, tem maior potencial de toxicidade do que os com maiores proporções de CBD e devem ter suas doses ajustadas com acompanhamento próximo do paciente pelo veterinário responsável.
Foi relatado também que após atingir a dosagem terapêutica aumentos na dose somente exacerbam efeitos colaterais sem melhora da eficácia do tratamento, justificando ainda mais o uso da menor dose que cause efeito desejado de forma individual. São muitos os benefícios já reportados do uso do CBD com ou sem sua combinação ao THC, e embora mais estudos sejam ainda necessários, tomando os devidos cuidados e com acompanhamento, é uma terapia segura para ser utilizada nos animais domésticos, já corretamente diagnosticados para as enfermidades em que seu uso tem demonstrado melhora nos pacientes.
Para saber mais:
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*Luciana Azevedo Matias Silvano é veterinária (CRMV-SP 13529)
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