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Trump avalia reclassificar cannabis e provoca alta imediata em ações do setor

by Redação

Discussões internas na Casa Branca sobre mover a planta para uma categoria menos restritiva animam investidores e reacendem debate sobre política federal de drogas nos Estados Unidos

Empresas de cannabis listadas nos Estados Unidos registraram forte valorização após a divulgação de que o presidente Donald Trump estuda avançar com uma mudança histórica na política de drogas do país. Segundo fontes ouvidas pela agência Bloomberg, o governo avalia reclassificar a cannabis em nível federal, retirando-a da categoria mais restritiva da legislação norte-americana.

A possibilidade ganhou força após Trump discutir o tema com figuras-chave da própria administração, como o secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., e Mehmet Oz, administrador dos Centros de Serviços de Medicare e Medicaid. O presidente também consultou líderes do setor privado, entre eles Kim Rivers, CEO da Trulieve, uma das maiores empresas de cannabis dos EUA, e o investidor Howard Kessler, conhecido por defender maior acesso a produtos à base de CBD.

Embora a Casa Branca afirme que nenhuma decisão final foi tomada, o impacto no mercado foi imediato. As ações da Tilray Brands subiram mais de 30 por cento e a Canopy Growth avançou cerca de 23 por cento na manhã desta sexta-feira em Nova York.

Atualmente, a cannabis está classificada na Tabela I da legislação federal dos EUA, posicionada ao lado de substâncias como heroína e LSD, consideradas de alto risco e sem uso médico aceito. A mudança em estudo colocaria a planta na Tabela III, ao lado de compostos controlados, mas reconhecidos como medicamentos, incluindo cetamina, Tylenol com codeína e esteroides anabolizantes.

A medida reduziria parte das barreiras regulatórias que limitam o setor, como a carga tributária excessiva imposta a empresas de cannabis e as restrições ao acesso a serviços bancários. Também poderia ampliar a realização de pesquisas médicas, hoje dificultadas pela classificação federal, e atrair investidores institucionais.

O debate ocorre em um cenário regulatório fragmentado. Mais de 40 estados permitem o uso medicinal e cerca de metade autorizam o uso adulto, mas a ilegalidade em nível federal continua a gerar insegurança jurídica e dificultar a consolidação do mercado. Projetos de descriminalização e reforma tributária seguem paralisados no Congresso.

O tema voltou ao centro das atenções no fim do governo Joe Biden, quando o Departamento de Justiça recomendou mover a cannabis para a Tabela III. A proposta iniciou um processo formal na Agência de Fiscalização de Drogas (DEA), mas o andamento foi travado por disputas administrativas e ações judiciais. As discussões agora retornam sob a gestão Trump.

Mesmo com eventual apoio presidencial, a mudança não seria imediata. O governo precisaria concluir um processo regulatório completo, com análises técnicas e consulta pública, antes de publicar a reclassificação.

Trump tem reconhecido que o tema divide setores políticos e da sociedade. Em agosto, o presidente afirmou ter ouvido tanto defensores da cannabis medicinal quanto grupos que expressam preocupação com produtos de alta potência e com impactos sobre jovens.

A possível mudança ocorre enquanto a administração endurece as ações contra o tráfico de opioides. Em julho, Trump sancionou uma lei que colocou permanentemente todas as variantes de fentanil na Tabela I, ampliando as penalidades para crimes relacionados à substância.

Para especialistas em políticas de drogas, a reclassificação da cannabis teria impacto direto no mercado e poderia alterar a dinâmica do setor em poucos anos, mas ainda representaria apenas uma fase inicial de uma reforma mais ampla. A definição final dependerá do ritmo com que a Casa Branca decidir avançar.

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