Revisão científica sugere que maconha pode ser considerada tratamento promissor para mulheres com dificuldade de orgasmo
Um novo estudo publicado na revista Sexual Medicine aponta que o consumo de cannabis está associado a melhorias nos sintomas do transtorno orgásmico feminino (FOD, na sigla em inglês), condição que afeta cerca de 41% das mulheres no mundo e que até hoje não possui tratamento convencional.
A revisão analisou um ensaio clínico randomizado e 15 estudos observacionais, somando dados de 8.849 mulheres. A conclusão é que a cannabis “parece ser uma opção promissora de tratamento para o FOD/dificuldade, com a maioria dos estudos revisados relatando melhorias na função orgásmica e na satisfação entre mulheres que usam a planta”.
Segundo os pesquisadores do Female Orgasm Research Institute e da Association of Cannabinoid Specialists, o trabalho encontrou “evidências consistentes de que a cannabis melhora a função orgásmica em mulheres com ou sem transtorno/dificuldade de orgasmo”.
Os autores lembram que desde 1979 a maconha já é sugerida como possível aliada no tratamento de disfunções sexuais. Entre os benefícios apontados nos estudos revisados estão aumento da frequência, intensidade, qualidade, facilidade e satisfação do orgasmo — incluindo maior capacidade multiorgásmica.
O ensaio clínico mais recente mostrou que mulheres com câncer ginecológico que utilizaram supositórios de cannabis aliados a práticas de atenção plena (mindfulness) tiveram melhoras estatisticamente significativas na função orgásmica, satisfação sexual e experiência geral.
Suzanne Mulvehill, coautora da revisão, afirmou ao portal Marijuana Moment que os dados oferecem “base científica para que estados e países reconheçam o FOD como condição elegível ao uso medicinal da cannabis”.
“A cannabis tem o potencial de ajudar milhões de mulheres a superar dificuldades com orgasmo e a melhorar saúde, relacionamentos e qualidade de vida”, disse.
Apesar dos resultados encorajadores, os autores destacam a necessidade de novos ensaios clínicos para definir dose ideal, via de administração, momento de uso e diferenças de efeito entre subtipos de FOD — como o vitalício (nunca orgasmo), o adquirido (perda da capacidade) e o situacional (dificuldade em contextos específicos, como sexo com parceiro).
Cannabis, sexualidade e saúde da mulher
A literatura científica recente reforça a relação entre cannabis e saúde sexual feminina:
- Pesquisas mostram associação entre uso de cannabis e maior desejo, excitação e satisfação sexual, além de menor angústia relacionada ao sexo.
- Ensaios com supositórios vaginais ricos em CBD indicaram redução de dor sexual e sintomas menstruais.
- Estudos comparativos apontam que, enquanto o álcool pode facilitar o sexo, a maconha tende a aumentar sensibilidade e prazer.
Uma revisão publicada no ano passado na Psychopharmacology sugeriu ainda que doses baixas de cannabis são mais eficazes para o prazer sexual, enquanto quantidades elevadas podem ter o efeito contrário.
