Os usuários de cannabis que foram hospitalizados por Covid-19 são menos propensos a sofrer graves consequências à saúde do que os pacientes que não usam maconha, sugere um novo estudo publicado recententemente no Journal of Cannabis Research. O estudo teve como objetivo avaliar como o uso regular de cannabis afeta os resultados de saúde das hospitalizações relacionadas à Covid-19. Os pesquisadores coletaram dados de 1.831 pacientes que foram internados em dois hospitais da área de Los Angeles, nos Estado Unidos, com infecções graves por Covid-19. Deste grupo, 69 pacientes disseram que estavam usando cannabis ativamente antes de ficarem doentes.
Como um todo, os pacientes que usaram maconha tiveram complicações menos graves e melhores resultados de saúde do que os pacientes que não usaram. Os usuários de cannabis pontuaram mais baixo na escala de gravidade padrão do NIH Covid, eram menos propensos a serem admitidos na UTI e eram menos propensos a precisar de ventilação mecânica ou suplementação de oxigênio do que os não usuários. Usuários ativos de maconha também relataram níveis mais baixos de inflamação geral do que outros pacientes.
O estudo relatou que 59% dos não usuários receberam esteroides sistêmicos durante a internação, mas apenas 39% dos usuários de cannabis necessitaram desse tratamento. Da mesma forma, 67% dos não usuários precisaram de antibióticos, contra 49% dos usuários de maconha. Aqueles que usam cannabis também passaram em média apenas 4 dias no hospital, enquanto o restante dos pacientes ficou internado por uma média de 6 dias. No entanto, embora os usuários de cannabis tenham recebido menos terapias adjuvantes do que os não usuários, os resultados gerais de saúde ainda foram muito melhores.
“Este estudo de coorte retrospectivo sugere que usuários ativos de cannabis hospitalizados com Covid-19 tiveram melhores resultados clínicos em comparação com não usuários, incluindo menor necessidade de internação em UTI ou ventilação mecânica”, concluiu o estudo. No entanto, os pesquisadores alertaram que seus “resultados precisam ser interpretados com cautela, dadas as limitações de uma análise retrospectiva”.
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O presente estudo não é capaz de explicar exatamente por que os usuários de cannabis são menos propensos a sofrer complicações graves da Covid-19, mas pesquisas anteriores podem fornecer uma pista. Vários estudos recentes do Canadá e de Israel sugeriram que o THC, o CBD e até canabinoides menos conhecidos, como o CBG, poderiam impedir a replicação das células do coronavírus ou até mesmo ajudar a impedir que as pessoas adoecessem.
A cannabis tem propriedades anti-inflamatórias bem conhecidas, e a maioria dos pacientes que sofrem de complicações graves da Covid-19 mostra marcadores inflamatórios extremamente elevados. Os médicos tentaram combater a inflamação descontrolada com medicamentos farmacêuticos que atenuam os sintomas imunológicos dos pacientes, mas o presente estudo sugere que a cannabis natural pode ter um efeito semelhante.
Estudos anteriores também descobriram que os usuários de cannabis tendem a ser mais saudáveis, mais em forma, mais felizes e menos obesos do que os não usuários. Os médicos relataram que os pacientes obesos ou com problemas de saúde têm maior probabilidade de morrer ou sofrer complicações extremas de saúde da Covid-19, por isso é possível que a saúde superior dos usuários da maconha possa protegê-los melhor de graves problemas de saúde.
Fonte: Diario de Pernambuco
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