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Projeto de estudantes da UFSM busca quebrar tabus sobre a Cannabis

by Redação

Estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e de outras instituições de ensino superior têm se dedicado a um projeto inovador no Uruguai, com o objetivo de quebrar mitos sobre a cannabis sativa. O grupo Último Plano, criado inicialmente como um coletivo de rap em 2015, transformou-se em uma iniciativa científica focada na pesquisa e na desmistificação do uso da planta, especialmente por meio do projeto “Uy10+”.

Através da criação da empresa Ent Company, o grupo se dedica ao estudo da ecofisiologia da cannabis, analisando as interações entre o genótipo, manejo e ambiente no cultivo da planta. A pesquisa busca mostrar os usos sustentáveis e diversos do cânhamo, uma variedade não psicoativa da cannabis, que pode ser empregada na produção de fibras têxteis, alimentos sem glúten, e até em construção civil, com materiais isolantes.

Além dos benefícios conhecidos do canabidiol, como o tratamento de epilepsia, o projeto explora também seu potencial na agronomia, com estudos aplicados em ambientes subtropicais. Heitor Bitencourt, estudante de Agronomia da UFSM e cofundador do Último Plano, destaca que o projeto visa responder a desafios globais, como a produção de alimentos e fibras, com foco na sustentabilidade e na inovação agrícola.

No Uruguai, o grupo iniciou o cultivo de cânhamo na safra 2023-2024 e, com um maior investimento, busca aumentar a produção de forma sustentável, aproveitando a experimentação para melhorar os processos agrícolas e formar profissionais qualificados.

A história do Último Plano começou em 2015 como um coletivo de rap formado por Heitor e um amigo, com foco em letras críticas à sociedade. No entanto, em 2020, a iniciativa deu uma guinada científica, direcionando-se para a inovação nos processos produtivos. Segundo Heitor, o objetivo do grupo é usar o conhecimento acadêmico para promover um mundo mais justo e com mais oportunidades, especialmente para jovens em situação de vulnerabilidade social.

O projeto “Uy10+” é uma colaboração entre estudantes da UFSM e de outras universidades brasileiras, incluindo a Universidade Federal do Pampa (Unipampa), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O Uruguai foi escolhido como local para a implementação devido à sua pioneirismo na legalização da maconha em 2013.

Heitor, que cresceu em uma zona periférica, afirma que sempre desejou desmistificar a cannabis para combater a ignorância sobre o tema. Ele destaca que, em muitas comunidades, a questão das drogas é tratada com preconceito, o que leva muitos jovens a serem estigmatizados.

Estudo Inovador sobre Canabidiol no Tratamento de Sementes de Milho

Dentro do projeto “Uy10+”, um dos principais estudos está sendo conduzido por Fabieli Cervo, engenheira agrônoma e mestranda da UFSM. Sua pesquisa investiga o uso de óleos de cannabis sativa no tratamento de sementes de milho crioulo, com foco na melhoria da qualidade fisiológica e sanitária dessas sementes. Fabieli destaca que a cannabis tem um grande potencial como bioproduto para a agricultura, especialmente no Brasil, onde seu uso ainda é cercado de resistência e estigmas.

A pesquisa de Fabieli é orientada pelo professor Ubirajara Nunes, do Departamento de Fitotecnia da UFSM, que vê a proposta como uma oportunidade de inovar o setor agrícola com o uso de bioprodutos menos prejudiciais ao meio ambiente. Ubirajara acredita que, se os resultados forem positivos, o uso de canabidiol pode se expandir para outras culturas agrícolas, oferecendo uma alternativa sustentável no combate a patógenos e doenças.

O estudo realizado pelo grupo “Uy10+” é um exemplo de como a ciência pode contribuir para o desenvolvimento sustentável e para a superação de preconceitos, promovendo o uso responsável da cannabis sativa na agricultura e em outras áreas. Ubirajara enfatiza que o projeto tem o potencial de gerar importantes discussões sobre o tema, ajudando a esclarecer a verdadeira utilidade da planta além do estigma associado à maconha.

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