O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC deu um passo importante na luta pelo acesso à Cannabis medicinal no Brasil. Na última quarta-feira (2), a entidade assinou uma Carta de Intenções para a instalação de uma unidade da Associação Terapêutica Flor da Vida em um espaço cedido pelo sindicato. O objetivo é garantir que sócios, dependentes e a comunidade em geral possam ter acesso a tratamentos e medicamentos à base da planta.
O anúncio aconteceu durante o evento “Cannabis e Autismo: Informação e Inclusão”, realizado na sede do Sindicato, em São Bernardo do Campo, como parte das ações do Dia Mundial da Conscientização do Autismo.
O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, destacou que a entidade precisa debater o tema, já que o acesso à saúde pública também é uma pauta da categoria.
“Esse tema está cada vez mais presente na sociedade e o Sindicato precisa debatê-lo. A saúde pública voltada para essa questão é também uma responsabilidade nossa, não apenas porque os trabalhadores enfrentam essa realidade, mas porque muitas pessoas vivem essa situação.”
Selerges também ressaltou que o Sindicato luta não só por melhores condições de trabalho, mas por qualidade de vida para todos.
A importância das associações na luta pelo acesso à Cannabis medicinal
A Associação Terapêutica Flor da Vida, parceira da iniciativa, é uma entidade sem fins lucrativos fundada em 2019, na cidade de Franca (SP). Com foco na transparência e na responsabilidade social, a organização já atende milhares de famílias em todo o Brasil, oferecendo suporte e acesso a medicamentos à base de Cannabis.
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, reforçou a relevância do trabalho das associações, que enfrentaram desafios legais e estruturais para garantir o direito à saúde dos pacientes.
“Quero destacar o papel das associações, como a Flor da Vida, que desbravaram esse caminho, enfrentando o Judiciário e a polícia. Eles começaram a plantar, tratar e obtiveram resultados incríveis. Já atendem pelo menos 20 mil pacientes, muitas vezes gratuitamente.”
O ministro também defendeu a aprovação do Projeto de Lei 399, que visa regulamentar o cultivo e a produção de medicamentos à base de Cannabis no Brasil.
Durante o evento, o deputado estadual Eduardo Suplicy trouxe dados sobre o crescimento da demanda por tratamentos com Cannabis medicinal no Sistema Único de Saúde (SUS).
“Em São Paulo, a busca por tratamentos com Cannabis medicinal no SUS cresceu 384% nos últimos cinco anos. A Cannabis não cura, mas melhora muito a qualidade de vida dos pacientes.”
Suplicy também compartilhou sua experiência pessoal com a Cannabis medicinal. Diagnosticado com um estágio inicial de Parkinson, ele passou a utilizar o óleo sob orientação médica e notou melhorias na qualidade de vida.
Expansão do acesso: modelo de Ribeirão Pires pode ser adotado no Grande ABC
A Comissão dos Metalúrgicos do ABC com Deficiência tem dialogado com o Consórcio Intermunicipal Grande ABC e a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC para ampliar a distribuição gratuita de medicamentos à base de Cannabis pelo SUS.
A iniciativa busca replicar o modelo já implementado em Ribeirão Pires, que, em março de 2025, se tornou a primeira cidade do Brasil a oferecer uma clínica pública para dispensação de medicamentos à base de canabidiol (CBD). O serviço é fruto de uma parceria entre a prefeitura e a Associação Terapêutica Flor da Vida.
Em 2022, o município sancionou uma lei estabelecendo diretrizes para a Política Municipal de Medicamentos Formulados à Base de Canabidiol, garantindo atendimento gratuito para pacientes que necessitam do tratamento.
Com a nova parceria dos Metalúrgicos do ABC, a expectativa é que mais cidades da região adotem medidas semelhantes, facilitando o acesso da população a tratamentos seguros e eficazes com Cannabis medicinal.
O debate sobre a regulamentação da Cannabis medicinal no Brasil tem avançado nos últimos anos, impulsionado pelo reconhecimento de seus benefícios no tratamento de diversas condições de saúde, como dores crônicas, epilepsia, autismo e doenças neurológicas.
A luta agora é para ampliar o acesso, garantir regulamentação clara e permitir que mais brasileiros tenham a chance de melhorar sua qualidade de vida por meio da Cannabis medicinal.
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