O final de ano tem sido marcado por desafios para Rafaela Tainá Lemes Correa, 26 anos, dona de casa e mãe de João Felipe, de 6 anos. O menino, diagnosticado com autismo e crises convulsivas severas, sofre de 6 a 7 ataques epiléticos diariamente.
Há quatro anos, João Felipe faz uso de canabidiol (CBD), um medicamento derivado da Cannabis sativa com reconhecido potencial terapêutico, incluindo propriedades antiepiléticas. O remédio proporciona significativa melhora na qualidade de vida do garoto, mas a mãe agora enfrenta um drama: a interrupção no fornecimento do medicamento pelo governo estadual, que alegou falta de estoque.
“Meu filho toma canabidiol há quatro anos, fornecido pelo governo a cada três meses. No ano passado, enfrentamos o mesmo problema, e agora tudo se repete. Me prometeram que seria resolvido em 20 dias, mas com as férias, só retornam em fevereiro. Até lá, meu filho fica sem o remédio, o que agrava ainda mais sua saúde”, relatou Rafaela.
O medicamento, considerado caro, custa cerca de R$ 5,4 mil por mês, valor inviável para a família de origem humilde. “Sem o canabidiol, meu filho piora muito. Ele tem crises severas, alucinações e fica completamente alterado”, explicou.
Atualmente morando em Araraquara, Rafaela está temporariamente na casa dos pais, na Vila Marina, São Carlos, onde recebe suporte para enfrentar a situação. “Tenho crises de pânico e ansiedade. Estar perto dos meus pais ajuda muito, mas preciso que o governo cumpra o compromisso com o fornecimento do medicamento”, desabafou.
Além do canabidiol, Rafaela também busca incluir o filho no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, que possui recursos avançados para tratar condições neurológicas complexas. “Estou há quatro anos lutando para que ele seja atendido, mas a fila de espera é enorme. Um diagnóstico mais preciso e um possível procedimento cirúrgico poderiam transformar a vida do meu filho”, disse, esperançosa.
Posicionamento das autoridades
O Departamento Regional de Saúde (DRS) de Araraquara lamentou a situação e informou que o medicamento está em processo de aquisição por meio de pregão. A Secretaria de Estado da Saúde reforçou que a compra de medicamentos depende de processos licitatórios, em conformidade com a lei federal.
Enquanto isso, Rafaela segue lutando, com a força de uma mãe determinada, para garantir que João Felipe tenha o tratamento digno e a qualidade de vida que merece.
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