Um novo estudo realizado por pesquisadores brasileiros sugere que a cannabis pode ser uma ferramenta promissora no combate a insetos que transmitem doenças graves, como dengue, Zika e febre amarela. A revisão científica destacou o potencial da planta em reduzir a fertilidade, taxas de natalidade e a emergência de insetos adultos, com foco em mosquitos e pulgas, conhecidos por sua importância médica.
A pesquisa, conduzida por equipes da Universidade do Sul de Santa Catarina e da Universidade Estadual de São Paulo, analisou estudos experimentais que avaliaram os efeitos tóxicos da cannabis em várias fases de desenvolvimento dos insetos, incluindo ovos, larvas, pupas e adultos. A revisão apontou que óleos essenciais, extratos e nanoemulsões da planta demonstraram ação inseticida em diferentes formulações.
“Diferentes formulações de Cannabis mostraram um efeito inseticida nas fases de desenvolvimento de cinco espécies de insetos de importância médica”, afirma o relatório. O estudo ressalta que os resultados são mais evidentes na fase larval, com potencial significativo de eliminação desses insetos. No entanto, os pesquisadores destacam que, apesar dos resultados positivos, o número de estudos existentes ainda é limitado, dificultando conclusões definitivas sobre a eficácia de cada tipo de formulação.
A pesquisa, publicada na **Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba**, também enfatiza que ainda há poucos dados sobre os efeitos da planta nos parâmetros reprodutivos dos insetos. “A falta de dados sobre os efeitos da cannabis na reprodução de vetores de insetos é inegável”, afirma o estudo.
Os autores, no entanto, são otimistas quanto ao futuro. “A cannabis tem mostrado ser uma planta promissora no controle de vetores de insetos, com efeitos observados na mortalidade, fertilidade e no desenvolvimento de adultos”, conclui o estudo, pedindo por mais pesquisas para explorar o potencial da planta em estratégias de controle de vetores.
A revisão surge após um estudo separado, publicado no início deste ano, que também apontou o extrato de folha de cânhamo, contendo CBD, como um possível inseticida natural eficaz. Pesquisadores da Ohio State University descobriram que o extrato foi capaz de matar larvas de mosquitos transmissores de doenças, incluindo uma variedade resistente a inseticidas convencionais. Nesse estudo, o CBD foi identificado como o principal componente ativo responsável pela ação larvicida.
Com essas descobertas, a cannabis e seus derivados ganham relevância como uma potencial aliada na agricultura e na saúde pública, principalmente no controle de doenças transmitidas por vetores.