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Estudo financiado pelo governo dos EUA aponta que CBD pode reduzir abstinência e risco de recaída em pessoas com alcoolismo

by Redação

Pesquisa publicada na Nature reforça evidências de que a cannabis pode ser alternativa terapêutica mais segura e eficaz que o álcool — e expõe contradições da política proibicionista.

Um novo estudo publicado na revista científica Nature trouxe evidências contundentes sobre o potencial terapêutico do canabidiol (CBD) no tratamento do transtorno por uso de álcool (AUD, na sigla em inglês). Pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego demonstraram, em testes com roedores, que o CBD não só reduz sintomas de abstinência e risco de recaída, como também previne danos neurológicos causados pelo consumo crônico de álcool.

A pesquisa, financiada pelo Instituto Nacional de Abuso de Álcool e Alcoolismo (NIAAA) e por centros de pesquisa em cannabis medicinal da própria universidade, mostra que doses controladas de CBD foram capazes de normalizar a excitabilidade neuronal na amígdala basolateral, região do cérebro ligada às respostas emocionais e à dependência. Além disso, os cientistas observaram efeitos ansiolíticos e neuroprotetores sem potencializar a sedação do álcool — algo que poderia representar riscos adicionais.

“A administração crônica de CBD atenua manifestações comportamentais e neurobiológicas da dependência alcoólica, reduzindo consumo, abstinência e recaída, além de prevenir neurodegeneração”, afirmam os autores.

Os resultados reforçam uma tendência crescente: a cannabis vem sendo utilizada como substituto ao álcool em diferentes contextos, com impactos diretos na saúde pública e até na indústria de bebidas. Pesquisas recentes já mostraram que jovens adultos relatam trocar o álcool pela cannabis ao menos uma vez por semana, e estudos apontam queda nas vendas de cerveja em países que legalizaram a maconha, como o Canadá.

No Brasil e em outros países, no entanto, políticas proibicionistas ainda restringem o acesso a tratamentos à base de cannabis, mesmo diante de evidências científicas consistentes. Esse bloqueio regulatório e cultural perpetua o consumo problemático de substâncias comprovadamente mais nocivas, como o álcool, que segue amplamente legalizado, publicizado e normalizado socialmente.

Outros levantamentos, como os do instituto Gallup e da American Psychiatric Association, já mostraram que a percepção de risco da cannabis é muito menor que a do álcool. Nos EUA, pesquisas recentes indicam que mais adultos consomem cannabis diariamente do que bebidas alcoólicas — um dado que expõe uma mudança cultural em curso e, ao mesmo tempo, uma ameaça crescente ao mercado tradicional do álcool.

Embora os achados ainda precisem ser confirmados em ensaios clínicos com humanos, eles fortalecem a visão de que a cannabis, especialmente o CBD, pode desempenhar um papel central na redução de danos associados ao álcool e outras drogas. Para além da neurociência, o estudo também é mais uma prova de que manter a proibição da cannabis não só é cientificamente insustentável, como custa vidas ao negar alternativas de cuidado mais seguras e eficazes.

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